segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Capítulo XVII - Os Ciclos de Crescimento e Guerra

I Fisiognomia : O Espelho De Mercúrio


Antes de prosseguir o estudo dos ciclos planetários, ou seja, o efeito variável dos planetas individuais sobre o homem no tempo, torna-se necessário estudar em maiores detalhes o mecanismo através do qual essa influência pode atuar.

Tínhamos começado a considerar o plano geral de um cosmos e vimos como – estando todos os cosmos erigidos sobre esse mesmo plano geral – cada parte de um cosmos menor refletia e reagia à parte correspondente de um cosmos maior. Vimos também o cosmos do Sistema Solar refletido no cosmos do Mundo da Natureza e ambos por sua vez refletidos no cosmos da humanidade e do homem individual.

Quando consideramos os possíveis efeitos dos planetas individuais no homem, devemos primeiro dar-nos conta de que cada um deles é em si mesmo um cosmos ou um cosmos em potencial, assim como a Terra é um cosmos. Em seguida devemos nos dar conta de que o instrumento no qual cada um é refletido deve seguir o mesmo padrão, assim como um aparelho de rádio é uma réplica em miniatura do aparato transmissor.

No capítulo ‘O Homem como Microcosmo’ chegamos à conclusão, após descobrir no corpo humano uma réplica do Sistema Solar, que os planetas individuais devem controlar as glândulas endócrinas individuais e por intermédio delas, as funções individuais do homem. O planeta Mercúrio, por exemplo, parece-nos ter uma afinidade com a glândula tireóide, através da qual pode controlar toda a função do movimento.

Essa função do movimento atua através do sistema muscular voluntário do corpo, isto é, através de todos os músculos que podem ser movidos intencionalmente pela vontade mental, por sua coordenação, velocidade de reação, capacidade de aprender novos movimentos e assim por diante. Esse sistema completo por sua vez, está refletido em escala reduzida nos músculos da cabeça e da face, onde toda a vida mental, emocional e física do indivíduo está constantemente refletida como movimento.

Todos os cosmos, como já vimos, estão divididos em três partes e possuem seis funções ou, potencialmente, sete. Da mesma maneira, a cabeça, como espelho de todo o corpo, também está dividida em três partes:

(a) parte superior da cabeça, incluindo o cérebro, espelho da própria cabeça, onde reside o intelecto;

(b) parte do meio da cabeça, incluindo o cerebelo, espelho do peito, onde residem as emoções;

(c) parte inferior da cabeça, espelho do abdomem, onde residem as funções físicas.

Ao mesmo tempo, a cabeça também tem músculos e controles nervosos que refletem as sete funções que trabalham para o corpo. Mas como é o movimento e a expressão do rosto, mais que a anatomia interna da cabeça, o que nos interessa, preferimos nos ocupar da oitava de orifícios e órgãos externos pelos quais os alimentos, ar e percepções são recebidos no organismo e pelos quais se emitem as substâncias ali elaboradas.

Os quatro grupos de orifícios comuns na cabeça são:

(1) a boca, que recebe alimento e bebida, emite a fala;

(2) o nariz, que recebe ar e aroma, emite dióxido de carbono;

(3) os ouvidos, que recebem som, emitem ?:

(4) os olhos, que recebem impressões da luz, emitem sinais emocionais.

Além disso, toda a cabeça e os orifícios em questão estão cobertos pela:

(5) pele, que recebe impressões tácteis e de temperatura e emite calor físico e magnetismo.

Adicionalmente, a antiga fisiologia apontou dois orifícios potenciais e invisíveis na cabeça do homem comum que não estão desenvolvidos mas que se fossem serviriam para receber e emitir duas classes diferentes de influências super-físicas:

(6) um orifício entre as sobrancelhas:

(7) um orifício no topo da cabeça.

A disposição desses orifícios na cabeça indica seu trabalho principal. Assim, a boca, situada na parte inferior da cabeça, serve ao abdomem e às funções físicas. As narinas, situadas no limite entre a parte média e inferior da cabeça, servem tanto ao peito quanto ao abdomem, ou seja, servem igualmente às funções físicas e emocionais. Os olhos, situados no limite entre a parte superior e a parte média da cabeça, servem tanto à cabeça quanto ao peito, funções intelectuais e emocionais. A pele, cobrindo toda a cabeça serve a todas as funções, enquanto que o orifício entre as sobrancelhas serviria à própria cabeça e aquele no topo, situado no limite entre a cabeça e o mundo não-físico de cima, serviria como a saída final para outro estado de existência inteiramente distinto.

Ao estudar a fisiognomia, ou seja, os sinais externos da psicologia do homem comum, temos que omitir os últimos dois orifícios que são invisíveis. Portanto, a fisiognomia consiste principalmente do estudo da relação entre as três partes da cabeça e do estudo da forma, tamanho e movimentos relativos da boca, nariz e orelhas junto com os efeitos correspondentes desses movimentos sobre a pele na forma de linhas e rugas. A fisiognomia é o estudo do ser do homem individual refletido no movimento de seu rosto e nos traços aí deixados por expressões habituais do passado.

No rosto, todas as funções – digestão, respiração, metabolismo, pensamento, emoção física e sexo – encontram-se traduzidas em movimento, em expressão. E, como é bem conhecido em endocrinologia, a sutileza e vivacidade desse conseqüente jogo de expressão está conectado diretamente ao funcionamento equilibrado da glândula tireóide. Um semblante agitado, tempestuoso e incontrolável, implica uma forte ação dessa glândula; uma face estática e impassível, sua deficiência. A face é, portanto, o instrumento do movimento, o espelho de Mercúrio.

Se estudarmos mais cuidadosamente esse espelho ou instrumento da função motora controlado pela glândula tireóide, encontraremos cada vez mais evidências de seu desenho cósmico. Por exemplo, as formas externas da boca, nariz, olhos e orelhas estão por sua vez divididas em três partes nas quais os aspectos intelectuais, emocionais e físicos das funções correspondentes estão refletidos. Nos olhos, a forma e movimento da pálpebra superior reflete o estado da função intelectual; o próprio olho, o estado da função emocional e a pálpebra inferior o estado da função instintiva. De modo análogo, nos ouvidos, a configuração da parte superior da orelha está conectada à percepção intelectual, a da entrada do canal auditivo com a percepção emocional e o lóbulo com a percepção instintiva. Novamente, no nariz, o exagero na parte superior representa predomínio do intelecto, na parte do meio o predomínio da emoção e no bulbo inferior e narinas, predomínio do instinto. Assim, um nariz reto, apreciado sempre como um sinal de beleza, representa de fato um equilíbrio perfeito entre esses três aspectos. Ainda que não seja visivelmente aparente e não corresponda assim a nosso estudo imediato, é interessante ressaltar que a pele está analogamente dividida em três camadas diferentes, com análogos significados.

A princípio, são possíveis três estados para qualquer orifício – estado normal ou relaxado, estado dilatado e estado contraído – e as três principais posições da boca, nariz, olhos e ouvidos estão baseados nesse princípio. Os olhos e pálpebras podem estar em sua forma normal relaxada, podem estar dilatados ou estreitos e contraídos. De modo semelhante com a boca e narinas e ainda que no caso dos ouvidos o grau de dilatação e contração seja quase imperceptível nos homens em comparação aos animais, estados musculares e fisiológicos correspondentes podem, todavia, ser observados.

Novamente, a princípio, um estado dilatado dos orifícios da percepção representa um desejo de receber mais do mundo exterior, enquanto que um estado contraído representa um desejo de receber menos ou no mínimo controlar e limitar o que é aprendido. Mas a dilatação de um orifício, digamos dos olhos, e a contração de outro, como a boca, por exemplo, representa o desejo de tomar alimento para uma função mas rejeitá-lo para outra ou emitir o produto de uma função mas reprimir a expressão de outra. Disso surge a possibilidade de discriminação no homem e a variedade infinita de expressão que se origina da diferente dilatação e contração da boca, nariz, olhos e ouvidos.

Maior sutileza é introduzida por contrações variáveis nas diferentes partes de cada órgão, representando seus aspectos intelectual, emocional e instintivo.

No olho, por exemplo, a pálpebra superior pode ser arqueada, representando atenção intelectual ou pode inclinar-se, representando sonolência intelectual. A pálpebra inferior pode estar tensa, representando bem-estar instintivo e controle ou estar caída, representando fadiga instintiva e exaustão. O próprio olho pode estar brilhante, representando estímulo emocional ou estar opaco, representando indiferença emocional. Na verdade, a íris por sua vez constitui-se num espelho exato do organismo todo e de seus diferentes órgãos, cuja saúde individual pode ser claramente diagnosticada desta forma.70

Esses diferentes estados das pálpebras superior e inferior e o próprio olho podem combinar-se num quase que ilimitado número de expressões, cada uma das quais fornecendo um índice exato do estado do indivíduo em questão. Além disso, cada pessoa terá uma expressão usual ou habitual nos olhos que será resultante dos estados relativos de suas funções intelectual, emocional e instintiva durante muitos anos. Em conexão a isso, lembremos que nos cânones artísticos do Oriente os homens estão desenhados com as pálpebras superiores e inferiores arqueadas, os deuses com as pálpebras superiores arqueadas e as inferiores retas e os demônios ao contrário.

Novamente, à parte estarem dilatados ou contraídos, os olhos podem olhar para a esquerda ou para a direita, para cima ou para baixo e a boca, independente de estar fechada ou aberta pode curvar-se para cima ou para baixo. Em geral, o movimento para cima pode ser considerado como representando aspiração ou prazer, o movimento para baixo como abatimento e tristeza e o movimento para um lado ou outro, distração sem qualquer sabor emocional em particular.

Neste ponto, é necessário introduzir um princípio mais inerente no estudo da fisiognomia, ou seja, que todas as manifestações do homem podem ser divididas em duas categorias – aquelas derivadas de sua essência, isto é, as qualidades físicas, capacidades e tendências com as quais nasceu e aquelas derivadas de sua personalidade, isto é, tudo o que aprendeu, adquiriu, pretendeu e sobrepôs sobre sua essência. Em fisiognomia, supõe-se que a metade direita da face seja o espelho da personalidade e a esquerda o espelho da essência, assim como o são em palmistria as mãos direita e esquerda. Tal como o coração, fonte principal do organismo essencial que está localizado no lado esquerdo do peito.

À parte todos os demais movimentos da boca, nariz, olhos e ouvidos citados acima, vemos portanto que o olho direito, refletindo o estado da personalidade difere do esquerdo que reflete a essência; de forma semelhante a narina esquerda da direita. É proverbial o ‘sorriso torto’ em que a curva ascendente do lado direito da boca contradiz a curva descendente do lado esquerdo produzida pelos sentimentos reais da essência. Os dois orifícios desconhecidos e invisíveis situados na linha central da cabeça, se fossem desenvolvidos referir-se-iam ao homem como um todo ou à unificação completa da essência e da personalidade.

Temos assim que todas as expressões da face humana são regidas por seis princípios essenciais:

(1) A tríplice divisão da cabeça, refletindo as partes intelectual, emocional e instintiva de todo o organismo.

(2) A sétupla divisão dos orifícios e órgãos de percepção, correspondentes das sete funções humanas.

(3) A tríplice divisão de cada órgão representando as partes intelectual, emocional e instintiva da função correspondente.

(4) Dilatação, relaxamento e contração de cada órgão, representando aceitação, equilíbrio ou rejeição na função correspondente.

(5) Movimento para cima, para os lados e para baixo de cada órgão, representando aspiração, distração e abatimento na função correspondente.

(6) A dupla divisão da face e de todos os orifícios e órgãos de percepção, correspondendo à essência e personalidade do indivíduo em questão.

Todas as expressões possíveis disponíveis à face humana, da mais diabólica à mais extasiada são produzidas pela interação desses seis princípios e podem ser analisadas com sua ajuda. Se for objetado que a classificação é arbitrária e improvável, então devemos enfatizar mais uma vez que – como todas as outras indicações no presente livro – ela é dada como uma base para observação. Plausível ou não, provável ou improvável, toda teoria permanecerá teoria para o leitor até que ele a tenha estabelecido ou refutado por si mesmo com base em sua própria observação pessoal e experiência. Pois nem a crença, descrença, convicção ou ceticismo podem sequer substituir isto, única forma pela qual a tese de um livro pode afetar a vida real e os homens reais.

O principal propósito dessa análise do instrumento externo de uma função particular é mostrar que tais instrumentos estão destinados a refletir em miniatura todos os movimentos e leis de um cosmos superior que exerce controle. Como exatamente tais instrumentos respondem à influência de seus arquétipos celestes é difícil dizer, exceto de modo geral. Mas assim como ao descobrir-se num lugar o mecanismo de um aeroplano controlado por rádio e noutro o mecanismo exatamente correspondente de seu controle terrestre, podemos deduzir que um foi desenhado para responder ao outro, também podemos deduzir que o mecanismo funcional do homem esteja desenhado para responder ao mecanismo funcional do Sistema Solar.

Existe na realidade um modo de tornar compreensível a forma em que operam esse controle e essa resposta. Se puséssemos provar que o estímulo e a inércia de tais instrumentos entre a humanidade como um todo haveriam de seguir o mesmo ciclo que os planetas correspondentes em relação à Terra, isso seria então, se não uma prova, no mínimo um claro indício de conexão.

No caso de uma relação entre a função motora controlada pela glândula tireóide e pelo ciclo de Mercúrio, somos embaraçados pela rapidez do ciclo deste último e por sua expressão extremamente errática. Na prática é obviamente impossível descobrir se a humanidade como um todo torna-se ou não mais ativa, mais móvel e expressiva a cada três meses. Muitos outros fatores contribuem para tornar confusa uma observação de periodicidade tão curta.

Para tentar mostrar uma conexão entre as funções humanas e os planetas, devemos portanto recorrer a ciclos de maior duração.


II Vênus e a Fertilidade


Nosso primeiro problema ao tentar estudar o efeito dos ciclos planetários na vida da humanidade está conectado à nossa incapacidade de reconhecer fenômenos semelhantes transportados a escalas diferentes. É um lugar comum os homens considerarem o crime e o roubo cometidos por um indivíduo sob uma luz e o crime e roubo cometidos por uma nação em nome da guerra sob outra luz muito diferente. Mudada a escala, o fenômeno parece diferente em sua natureza à nossa percepção.

Assim, temos primeiro de reconhecer amplamente a ação de cada função no homem individual e o efeito de um estímulo planetário num dado caso, depois, mediante um esforço de imaginação temos que representar como os efeitos de tais estímulos pareceriam quando multiplicados um milhão de vezes, isto é, quando mudassem de uma debilidade individual para uma modalidade universal, com respaldo na autoridade da moral, conveniência política e aprovação religiosa.

Com freqüência o efeito dessa mudança de escala faz com que o fenômeno converta-se em seu oposto. No primeiro caso, o estímulo se apresentará como expressão do que chamamos ‘escolha’ individual, ‘liberdade de consciência’, ‘liberação’, ‘felicidade pessoal’ e assim por diante, enquanto que no segundo caso o mesmo pode ser tomado como exemplo de massa à guisa de ‘dever’, ‘destino’, ‘costume’ ou alguma outra limitação da ação individual. De fato, ambos os casos representarão a atividade da mesma influência ou lei, surgindo as diferentes interpretações da crença ilusória do homem de que ele está fazendo, escolhendo e manejando sua vida independentemente do mundo no qual vive. Muito do sofrimento da vida humana procede do conflito no indivíduo entre a escala pessoal e a escala nacional ou racial de tais impulsos e é esse conflito o que fornece quase por completo o tema básico para a tragédia clássica grega.

Outra dificuldade ao estudar esses ciclos em ação reside no fato de que eles afetam-se mutuamente e um ciclo não pode nunca desprender-se do padrão geral, como uma flauta não poderia nem deveria ser separada da orquestração geral.71 Notamos ao estudar as funções do organismo individual como manifestações do sexo, por exemplo, podem combinar-se a outras funções – com ação apaixonada, com sensualidade, com intelecto e assim por diante – para produzirem resultados muito diferentes. E assim, de modo similar aos ritmos que afetam toda a humanidade.

Comecemos, portanto, com o mais simples e menos complexo dos ritmos. Suponhamos que o estímulo das glândulas paratireóides seja produzido pelo planeta Vênus para acelerar a estruturação dos tecidos no organismo em questão. Quando tal influência está em seu ápice e brilha por igual sobre toda a Terra, ou seja, sobre homens, animais, peixes, pássaros e plantas, induzindo neles um metabolismo igual ou comparável, teremos os ‘sete anos gordos’ da lenda. Quando essa influência se desvanece, sobrevêm os ‘sete anos magros’.

A gordura, todavia, também está conectada à fertilidade ou pelo menos com o grau de sobrevivência da produção, de modo que provavelmente esses ‘anos gordos’ testemunharão também um aumento na fertilidade num nível biológico. Assim, a ‘obesidade’ aplicar-se-á não apenas aos corpos individuais mas também ao crescimento de comunidades – quer sejam de homens, animais, peixes ou lagartas.

No caso do homem, cuja vida é dez vezes mais longa que o ciclo de oito anos de Vênus, os efeitos das mudanças na fecundidade de acordo com o ciclo deste último são suavizados e dificilmente repercutem na população total. Mas em criaturas cuja vida é tão ou mais curta que esse ciclo, os números deverão variar – se estiver correta nossa tese – em alguma proporção direta a esse período sinódico. Se recorrermos a trabalhos feitos recentemente no estudo dos ciclos biológicos encontraremos confirmações interessantes disso. Elton, em particular, encontrou claramente um ritmo de quatro anos nesse número, migrações e epidemias de lemmings, ratos, esquilos e raposas que as observam em regiões tão distantes e separadas como Noruega, Terranova e Canadá. Toda a completa periodicidade venusiana de oito anos foi claramente estabelecida por Moore na produção das principais colheitas nos estados do Meio-Oeste dos Estados Unidos e consequentemente se refletia nos preços do algodão.

Todavia, na busca por mais ritmos biológicos em grande escala, encontramos em seguida um curioso ciclo de nove anos e dois terços que talvez seja o mais característico de todos. Os ritmos de muitas pragas de curta duração, como o das lagartas que atacam árvores frutíferas e o chinch-bug que ataca os cereais podem ser estabelecidos com muita exatidão, pois essas duas pragas seguem um ritmo de nove anos e dois terços por longos períodos, os últimos por mais de um século. O mesmo ciclo é visto na pesca do salmão em New Brunswick e na captura de animais de pele como o lince canadense, a marta e o almiscarado.72

Uma tentativa interessante e bem sucedida foi feita para conectar esse ritmo de poder biológico e fecundidade com um ritmo exatamente semelhante que se traçou no ozônio da atmosfera. Um aumento no ozônio tem um efeito muito estimulante no sexo e no tom de todas as criaturas vivas, incluindo-se o homem. Essa conexão é particularmente interessante de nosso ponto de vista porque mostra claramente a inter-relação de diferentes escalas – mudanças no mundo da vida orgânica que dependem diretamente das mudanças nas condições atmosféricas que pertencem ao mundo imediatamente superior, ou seja, ao mundo da Terra. Mudanças na composição da atmosfera podem por sua vez serem consideradas como resultantes de variações em radiações elétricas e magnéticas recebidas de fora da Terra, isto é, dependem de mudanças no mundo astronômico.

Em outras palavras, a radiação eletrônica dos corpos celestes produz mudança molecular na atmosfera da Terra, enquanto que, por sua vez, tais mudanças moleculares na atmosfera produzem mudanças celulares nos corpos orgânicos que ali habitam. Desta forma, podemos ver a influência prática de fenômenos celestiais sobre as criaturas vivas da superfície da Terra e atravessar a brecha aparentemente insuperável entre o movimento de um planeta e os impulsos individuais de um homem, um salmão ou um lince.

Qual seria então a conexão, se é que há, entre esse curioso período de nove anos e dois terços e os ciclos venusianos de 585 dias e oito anos? Nos encontraríamos completamente desorientados se não recordássemos o princípio estabelecido acima, a saber, que os ritmos planetários nunca se realizam independentemente mas sempre em combinação com outros ritmos, produzindo em suas diferentes conjunções a interminável variedade da natureza.

Devemos considerar como evidente que o aumento na fecundidade não apenas se refere ao estímulo das paratireóides ou glândulas de construção dos tecidos mas também depende de certas urgências passionais relacionadas com o estímulo das supra-renais. Os impulsos destas, por si mesmos, sem as condições favoráveis de ‘obesidade’ tendem a ser estéreis, assim como a ‘obesidade’ sem o estímulo para o acasalamento resultante da atividade supra-renal tampouco conduz à reprodução prolífica. Logo, se como supusemos, as paratireóides estão sob a influência de Vênus e as supra-renais sob a influência de Marte, deveríamos esperar que as condições favoráveis para a fertilidade sejam produzidas quando o efeito máximo desses dois planetas coincidir.

O ciclo de fertilidade de nove anos e dois terços observado expressa justamente essa dupla conjunção. Os 3.510 dias do encerramento dos seis períodos de Vênus coincidem exatamente com a integração de quatro períodos e meio de Marte. As duas influências ‘brilham juntas’, por assim dizer, com os resultados descritos e esperados.

Huntington faz, no entanto, uma observação mais reveladora acerca desse ciclo. “Quando passamos dos mamíferos, insetos e peixes para árvores e colheitas, o ciclo de nove anos e dois terços torna-se menos preciso. Se prosseguirmos em outra direção, dos animais à saúde humana (enfermidades do coração) ele torna-se também menos preciso. Isto sugere que as condições que originam o ciclo têm efeito particularmente direto sobre o vigor animal.”

Em outras palavras, os ciclos que se referem às paratireóides e às supra-renais, glândulas do crescimento e da paixão respectivamente, referem-se à constituição essencialmente animal, não importa que ela seja embrionária nos insetos, típica nos animais ou combinada com funções superiores no homem. Esse ciclo não pode ser bem apreciado no mundo vegetal porque ali está obscurecido pelo ritmo mais forte de funções ainda mais inferiores. Também é impreciso no homem, justamente porque nele, o impulso para o crescimento e a procriação é modificado para razão, precaução, lealdade e aspiração, derivados de ritmos mais elevados que governam a mente e a emoção.

Desta forma, o homem difere dos animais e nessa atenuação dos ritmos de Vênus e Marte reside o começo de sua escolha individual.

Cada estado da matéria está sob suas próprias leis inevitáveis mas os que estão assim incorporados devem submeter-se a níveis superiores e assim desfrutar do direito de apelar a aliados superiores. Uma estátua de madeira está sujeita ao perigo de queimar-se, o que se estende a toda madeira, mas a forma do santo incorporada a ela deve ser lembrada, reverenciada e entalhada independentemente das qualidades perecíveis da madeira. Assim, o homem em seu corpo celular está sujeito aos ciclos venusianos que governam o crescimento e o fluxo das células. Mas sua possibilidade especial como homem está precisamente em sua chance de atrair uma permanência além dos ciclos, um nível além das influências planetárias. Essa permanência reside na conscientização e esse nível reside na vida supra-celular.

Na verdade, há algo profundamente repugnante para o homem na idéia de que ele cresça e se propague pelas mesmas leis e ciclos que os peixes ou as raposas. E muito embora possa ser provado, precisamente por ele ser homem, também é forçado a perguntar-se. Se a ação mecânica dessa influência é assim, como ela poderia ser recebida conscientemente? O que podem os homens extrair do ciclo de Vênus que os animais não podem?

Ao fazer-se tal pergunta, imediatamente todo o quadro muda. E a própria influência que o faz uma desamparada peça de matéria entre todas as outras matérias, capacita-o agora a compreender e sentir-se unido com a vida conscientemente. Se Vênus o influencia inevitavelmente como criatura celular, possibilita também que ele sinta o que todas as outras criaturas celulares sentem e ao perceber conscientemente tal influência em si mesmo, dá-se conta de seus efeitos em outras criaturas também. Se os homens não fossem num certo aspecto, feitos como as plantas e os animais são, estes continuariam a ser estranhos para sempre para aqueles. Pelo homem ser como as plantas e animais numa parte de si mesmo, ele desfruta da possibilidade de atuar como inteligência e consciência para todo o Mundo da Natureza.

Quanto mais ele perceber a maravilha e beleza desse mundo, mais ele valorizará essa oportunidade.


III Marte e a Guerra


Marte é tradicionalmente o deus da guerra e é difícil tecer uma consideração de seu ciclo sem ter esse significado em mente. E o efeito aparente de Marte sobre as glândulas supra-renais, das quais a medula controla os impulsos de temor e fuga e o córtex os de ira e luta, apóia essa tese. Pela própria existência de diferentes tipos de homens, deve sempre haver diferenças, disputas e discórdias. Mas quando as supra-renais ou glândulas da paixão são estimuladas, tais diferenças estão mais em eminência de traduzirem-se em ação descontrolada e violência. Obviamente, uma tendência para o pânico por um lado e a ira por outro, quando induzidos em milhares de pessoas simultaneamente, produzirão condições muito favoráveis para o início de uma guerra.

Assim, a primeira coisa que é necessário compreender sobre a guerra é que todos os homens são responsáveis por ela, todos os homens são culpados pelas reações passionais de uns contra os outros e quando elevadamente multiplicadas e armadas numa direção definida, tornam a guerra possível. O movimento de uma certa glândula produz ‘paixão’ no homem e em seu estado ordinário de subjetividade e ilusão essa paixão encontra sua saída dirigindo-se contra outros. Este é o modo de ser do homem comum. E sem uma mudança definida de nível de ser, sem um abandono definido de um certo sentido ilusório do ‘eu’, nenhum homem – por mais culto, por mais ‘liberal’ – estará isento dessa culpa.

A ‘paixão’ é um fator constante na vida humana. Só muda a causa que provoca paixão ou o meio que ela emprega. Alguns tipos marciais podem na verdade apaixonar-se e disputar por qualquer motivo. Em certos momentos do passado, quando esse tipo estava em franca ascensão, conceitos especiais como ‘honra afrontada’ ou ‘decência ultrajada’ tiveram que ser inventados para justificar a completa irracionalidade de suas ações. Dean Swift satirizou essa tendência de uma vez por todas em sua guerra entre os Grandes Endians e os pequenos endians que assolaram Lilliput a despeito da controvertida questão de como os ovos do café da manhã deveriam ser abertos.

Ao mesmo tempo, é necessário perceber que todos os tipos convertem-se em apaixonados e disputam. Tipos instintivos discutirão ou brigarão por alimento ou mulheres, tipos emocionais por religião ou justiça, ao passo que tipos intelectuais que se orgulham de sua ‘mente aberta’ em relação a sexo ou religião irão disputar e lutar com igual aspereza perante teorias científicas rivais ou por algum conceito inteiramente subjetivo de ‘gosto’ em arte ou literatura.

Há de fato uma só saída para esse impasse. Ela é alcançada somente com uma revisão completa de toda a atitude de um homem tanto para consigo como para com os outros. Apenas quando ele começar a compreender o lugar dos homens no universo e suas ações inevitáveis sob diferentes influências, somente quando perceber completamente que nem ele nem ninguém fazem nada mais que aquilo que devem fazer à luz dos seus próprios seres e tipos, somente quando uma certa ilusão fundamental de sua personalidade realmente morrer, ele tornar-se-á livre da luta e da argumentação. Somente então sua natureza apaixonada cessará de dirigir-se contra os outros e irá capacitá-lo a conquistar-se a si mesmo, a atingir o impossível e a lutar, não com os outros homens, mas com a matéria e a mecanicidade. Tal transformação do papel do impulso apaixonado raramente é possível, exceto com a ajuda de uma escola.

Tendências marciais são transmutadas tornando-se invisíveis. A paixão mecânica é a mais óbvia de todas as características planetárias. Mas quando a paixão é engolida, digerida e feita invisível, é justamente isso o que move montanhas e alcança milagres. O fim da guerra seria tal milagre.

As reações passionais de uns contra os outros e que tornam as guerras inevitáveis, são responsabilidade e culpa de todos os homens. A maior ilusão possível é acreditar que uma classe social, interesse, país ou religião seja responsável pela guerra. Essa idéia é na verdade a principal causa de novas guerras. E em sua obstinada propagação por todas as facções contra seus opositores vemos o processo corruptor de criminalidade aliado ao terrível mas natural processo de destruição. Até o fato de que as guerras sejam ocasionalmente instigadas por criminosos reais não pode justificar semelhante mentira. Pelo contrário, as reações passionais são um sinal definitivo do estado ordinário do ser do homem. Podemos mesmo dizer que aquela ‘paz’ no sentido político, é meramente o resultado de milhões de reações passionais neutralizando-se umas às outras por sua própria trivialidade e subjetividade.

Havendo compreendido plenamente essa culpa geral da humanidade, havendo compreendido que todos os homens são responsáveis pela guerra, é necessário compreender em seguida que ninguém é responsável. De outro ponto de vista, a guerra pode ser vista como um fenômeno puramente cósmico produzido por influência celestial numa escala onde as razões e sentimentos do homem carecem de qualquer significado. Um certo planeta, numa determinada etapa de seu ciclo cria uma tensão geral na superfície da Terra como resultado da qual, os homens – em seu estado comum de ser – não têm escolha a não ser lutar.

Isso não significa que a influência em si implica guerra, não mais que o acionar de uma corrente elétrica implica que lâmpadas irão queimar. Se os homens desfrutassem de um nível de ser diferente, isto é, se eles pudessem utilizar um súbito aumento de tensão interna para produzirem mudanças neles mesmos, ao invés de liberá-la automaticamente contra os outros, o ciclo marcial teria um significado muito diferente. Mas como são agora, os homens podem suportar pouco aumento de pressão sem violência e em certas partes dos Estados Unidos, por exemplo, greves e distúrbios raciais acompanham inevitavelmente as tempestades elétricas de julho assim como os trovões e relâmpagos. Da mesma forma ocorre com a influência de Marte.

Se procurarmos, por exemplo, nos dois últimos séculos de história, uma correspondência entre a incidência de guerras e o ciclo de quinze anos característico desse planeta, a evidência parece sustentar tal conexão. A cada quinze anos, com extraordinária regularidade, encontramos um número de nações da Europa envolvidas em guerras entre si ou aventuras guerreiras e desastres em outras partes do mundo.73 Os períodos intermediários, se não são exatamente pacíficos, parecem trazer mais proximidade à paz no presente estado da humanidade, assim como uma eloqüente difusão de ideais pacíficos e aspirações.

Talvez a indicação mais clara desse ciclo seja que seus ápices assinalem uma onda geral de patriotismo beligerante, enquanto que em suas baixas até mesmo os políticos tendem a adotar uma atitude conciliatória e internacional.

A claridade desse ciclo deve-se provavelmente ao fato de que ele é acentuado por outro ritmo planetário que tem com ele uma relação de oitava. O ciclo de Saturno, como vimos, tem duração de 30 anos e a glândula pituitária anterior, controlada por Saturno, está em determinado aspecto conectada com o impulso e poder de dominar, controlar a si mesmo e aos outros. É a glândula conectada com o exercício da vontade. Em vista do nível médio de ser entre as massas da humanidade, o estímulo geral dessa glândula produzirá inevitavelmente um desejo de controlar não a si mesmo, o que é difícil e doloroso, mas de dominar alguém.

Em combinação às urgências passionais regidas pelo estímulo das supra-renais, isso acarreta um estado mental de guerra particularmente provocativo. Assim, se o período sinódico de Marte produz uma tendência à guerra a cada quinze anos, a sobreposição do período de Saturno exagera tal tendência a cada trinta anos, isto é, em picos alternados.

Além disso, a cada ápice, ou seja, a cada quarenta e cindo anos, essa inclinação marcial coincidirá com um pico no ritmo de nove anos dos asteróides e será intensificada de forma diferente pela depressão geral econômica e psicológica junto com sua onda auxiliar de crime.

O que torna tão difícil assinalar a natureza real da própria guerra é o fato de a influência de Marte estar sempre acompanhada da combinação de alguma outra influência. Podemos apenas dizer com certeza que existem muitos tipos diferentes de guerra, de acordo com a natureza da influência sincronizada. Haverá guerras de domínio e conquista quando Marte estiver combinado com Saturno, guerras de pânico e crueldade quando de sua conjunção com os asteróides, guerras resultantes do aumento de população sob Vênus e ainda guerras santas quando o ciclo marcial estiver modificado pelo de Netuno.

Qual é o fator de todas essas guerras? Seguramente a destruição. Todas as guerras, mesmo as mais nobres, as mais santas, destroem – vidas, propriedades e mesmo sociedades e civilizações. O estouro de uma guerra não pode senão destruir e tudo o que podemos acrescentar é que em alguns períodos é evidentemente requerido pela Natureza que certas coisas devam ser destruídas. De maneira geral, somente o homem parece destruir muito mais do que é necessário ser destruído. A destruição do Mosteiro de Monte Cassino em 1944, com tudo o que implicava, pode ser tomada como um exemplo. Todas as civilizações são finalmente destruídas pela guerra ou ficam tão debilitadas por ela que caem vítimas de desastres que poderiam de outra forma ter superado.

Havendo dito já o bastante, deve ser novamente enfatizado que o processo de destruição em si é necessário à Natureza e não pode ser evitado. É muito diferente do processo de crime ou corrupção que nunca pode sob quaisquer circunstâncias conduzir a resultados bons e úteis. Apenas na guerra a destruição está quase sempre combinada com o crime.

Essa distinção torna possível compreender porque a natureza da guerra enganou os homens através dos tempos e explica a evidente irrealidade para os homens comuns, de uma posição puramente pacifista. O pacifista não pode explicar como, apesar de a guerra parecer absolutamente fútil e indesejável, alguns dos homens mais fortes e nobres tomam parte nela e agem freqüentemente com uma coragem, lealdade, devoção e auto-sacrifício muito maiores do que demonstrariam em qualquer outro período.

Olhando para trás, em épocas passadas, encontramos às vezes grandes ideais sustentados por uma classe guerreira ou de cavalaria. E em certas condições especiais, a arte da guerra poderia até fornecer a forma de alguma escola esotérica como fez com os Cavaleiros Templários ou com as escolas de arquitetura da Pérsia e da Índia. Se a própria guerra pertence ao processo de crime, isso seria impossível porque qualquer participação nela seria corrupção. E uma das primeiras condições de todo trabalho esotérico é que ele não deve ser tocado pelo crime.

Logo, a guerra é uma expressão do processo de destruição trabalhando através da humanidade. Pela introdução do medo, ódio e crueldade o homem a torna criminosa. Essa distinção está muito bem expressada no evangelho hindu ‘Bhagavad Gita’ onde o cavaleiro Arjuna, achando-se no campo de batalha e marcado pelo dever ao combate mortal com seus próprios familiares, implora a seu divino guia, Krishna, que o libere dessa tarefa. Krishna responde: “Perceba que o prazer e a dor, ganhar e perder, vitória e derrota, são todos uma só coisa, assim, vá à batalha. Faça isso e você não poderá cometer qualquer pecado”.74

A aversão de Arjuna representa a emoção mais elevada possível do homem civilizado em relação à guerra. Ainda assim, uma atitude mais elevada é indicada a ele. Assim, a guerra, como o sexo, fornece um dos testes finais do ser do homem e por sua atitude em relação a ela e sua ação nela, cada indivíduo demonstra com exatidão matemática o que ele é.

Ao mesmo tempo, embora as causas da guerra que residem nos céus e na natureza do homem não tenham mudado desde os tempos de Arjuna, sua escala mais evidente mudou. Um fator alterou-se completamente, sobrepujando de imediato todas as idéias anteriores e explicações. Esse fator é a quantidade de energia colocada nas mãos do homem degenerado.

Por meio da clava, arco e flecha, espadas e lanças, os homens puderam apenas matar-se uns aos outros laboriosamente. Foi precisamente esse trabalho de matar, mais que por escrúpulos humanos, o que manteve a guerra por milhares de anos dentro de certos limites. Com o fogo grego e o primeiro canhão, dez homens poderiam ser mortos de uma só vez. Com as bombas da Primeira Guerra Mundial, centenas deles. Com as da Segunda Guerra, milhares e com as bombas atômicas de hoje, centenas de milhares. Tanto o trabalho difícil quanto o elemento pessoal estão agora descartados no matar, assim como tantos outros aspectos da vida humana.

Desta forma, o homem encontrou-se inesperadamente defrontado com a questão da sobrevivência humana, quando pensava estar lidando com uma questão de moral individual. E, de acordo com a extraordinária velocidade do tempo que notamos em muitos outros aspectos, ele parece subitamente ter não mais que algumas décadas para solucionar um problema que parecia estar preparado para adiar por séculos.

Ao estudar a vasta mecânica do universo e a lenta extensão da história humana torna-se cada vez mais difícil atribuir ao controle do homem a energia quase infinita de sua própria engenhosidade ou na verdade de qualquer coisa originada nele mesmo. As duas coisas são muito desproporcionais, assim como seria a idéia de um macaco inventando uma bicicleta. Se um macaco dirige uma bicicleta é apenas porque ela foi colocada em suas patas por um homem. Se o homem desfruta do uso da energia atômica, é porque seguramente ela foi colocada em suas mãos por alguma força superior.

Mas a destrutibilidade do homem deve certamente ser bastante conhecida e previsível por essa força superior. O perigo desesperado desse desfrute de energia ilimitada é compreendido até por ele mesmo, deixado sozinho por algum ser superior. A penalidade é óbvia – qual será então a possível recompensa? Dificilmente podemos imaginar um universo tão diabólico onde o perigo siga desacompanhado de uma oportunidade equivalente.

É por perigo mortal que o homem está sendo forçado a alguma grande decisão e a algum grande salto no desenvolvimento da consciência e com o qual nunca teria se defrontado não fosse em emergência?

Não o sabemos. Mas é difícil evitar essa idéia.


70. A iridologia moderna foi elaborada pelo húngaro Von Peczeley e desenvolvida por Nils Liljequist, Angel Bidaurrazaga e outros.

71. Ver Apêndice IX, ‘Ciclos Planetários e Atividade Humana’.

72. Ellsworth Huntington, ‘Mainsprings of Civilization’, pg. 462-3 e 488-507.

73. Ver Apêndice X, ‘O Ciclo de Guerra’.

  1. Bhagavad Gita’, traduzido para o inglês por Swami Prabhavananda e Cristopher Isherwood, pg. 44.