segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Capítulo II - Os Tempos do Universo

I A Relação entre Espaço e Tempo


Refletimos sobre um Absoluto e, dentro dele, no céu infinito de nebulosas espirais. Numa delas, a Via Láctea, reconhecemos nosso Sistema Solar. Imaginamos a orientação desse sistema dentro de sua galáxia e seu tamanho relativo. Ao mesmo tempo, tentamos alcançar as limitações fundamentais da percepção do homem em relação aos céus.

Se tivermos de entender melhor esses cosmos astronômicos, tornar-se-á claro que devemos pensar não apenas em sua vasta extensão, mas também em suas quase inconcebíveis escalas de tempo.

É possível valorizar a duração da Via Láctea e do Sistema Solar apenas por sua vastidão? Há uma relação entre o espaço e o tempo?

De fato, já encontramos um indício disso no último capítulo, em que concluímos que o ‘mundo’ de cada cosmos é uma seção transversal de um cosmos superior. Voltemos à célula sangüínea no corpo humano. Uma seção transversal desse corpo em ângulo reto à posição da célula na artéria constitui o mundo ‘presente’ da célula. Outras seções transversais em níveis superiores da artéria representam seu mundo como ele apareceria em vários momentos do futuro. Seções transversais inferiores representam seu mundo no passado. Ascendendo até mais acima do coração, a célula talvez possa alcançar alguma impressão do timo, pulmões e outros órgãos que encontra através dessa seção; mas não teria idéia nenhuma do cérebro ou de outros órgãos situados acima dessa seção até que chegasse a alcançá-los. Todos esses órgãos, situados progressivamente ao longo do corpo humano, existiriam no tempo para a célula. Assim, o comprimento ou terceira dimensão do corpo humano representaria tempo ou quarta dimensão para a célula.

Para uma molécula que se move dentro da célula, todavia, seria a terceira dimensão da célula o que representaria tempo, enquanto que o tempo da célula ou terceira dimensão do homem seria algo fora do tempo da molécula, o que estaria misteriosamente conectado com a idéia de sobrevivência após a morte ou alguma possibilidade de existência repetida. Assim, podemos dizer que a terceira dimensão do homem representaria uma quinta dimensão para a molécula.

Por outro lado, para o elétron, cujo tempo seria por sua vez derivado da terceira dimensão da molécula, nenhuma extensão ou repetição de sua vida individual poderia capacitá-lo a penetrar na terceira dimensão do homem, o que seria profundamente inconcebível para ele. Ela poderia apenas ser representada como uma dimensão completamente desconhecida - a sexta - na qual todas as possibilidades, mesmo as inimagináveis, seriam realizadas.

O resultado de tudo isso é que a curiosa translação de dimensões de um cosmos a outro se aplica não apenas às três dimensões de espaço que estudamos no último capítulo, mas também às dimensões de tempo. Supusemos para cada cosmos um período de seis dimensões - as três primeiras constituindo seu espaço, a quarta seu tempo, a quinta sua eternidade e a sexta seu absoluto. Supusemos ainda que, a cada mudança de um cosmos a outro, esse período de dimensões mudaria, abandonando-se uma, ganhando-se outra e transmutando-se as seguintes, cada qual em sua próxima. Dessa forma, a extensão de um cosmos parecerá tempo para um cosmos menor, eternidade para um menor ain-da e absoluto para outro ainda menor, enquanto que, para um quinto cosmos, não poderá haver nenhuma relação.

Tudo isso pode ser expresso de forma muito mais simples. O acesso a cada nova dimensão representa movimento numa no-va direção. Um ponto sem dimensões, tal como a ponta de um lápis ou um cigarro aceso no escuro, quando movimentados, traçam uma linha. Uma linha, quer seja o raio de uma bicicleta ou um lápis, quando girados ou movimentados em ângulo reto às suas extensões, traçam um plano. Um plano movimentado em ângulos retos a si mesmo ou um disco girado em seu eixo traça um sólido. Um sólido, tal como o homem, quando se estende sobre o passado e o futuro, traça um tempo de vida. Um tempo de vida, estendido em ângulos retos a si mesmo, traz-nos a idéia de tempos paralelos, de repetição de tempos ou de eternidade.10 A totalidade de tais repetições projetada em outras direções implica um todo absoluto, a realização de todas as possibilidades, ou seja, tudo existindo em todo lugar.

Dessa forma, cada cosmos pode ser visto de sete maneiras, de acordo com a percepção do observador:

(1) como um ponto, ou seja, sem dimensão;

(2) como uma linha, ou seja, em uma dimensão;

(3) como um plano, isto é, em duas dimensões;

(4) como um sólido, ou seja, em três dimensões;

(5) como um tempo de vida, isto é, em quatro dimensões;

(6) como um tempo de vida que eternamente se repete, ou seja, em cinco dimensões;

(7) como um todo, isto é, em seis dimensões.

Se agregarmos a essa idéia a mudança de dimensões de um cosmos a outro, o que já descrevemos, obteremos a seguinte tabela:

Célula Homem Natureza Terra Sol

Ponto - - - -

Linha Ponto - - -

Plano Linha Ponto - -

Sólido Plano Linha Ponto -

Tempo de vida Sólido Plano Linha Ponto

Repetição de vidas Tempo Sólido Plano Linha

Todas as possibilidades Repetição Tempo Sólido Plano

- Todas Repetição Tempo Sólido

- - Todas Repetição Tempo

- - - Todas Repetição

- - - - Todas


Muitas idéias interessantes surgem dessa tabela. É surpreendente o quanto nossas percepções reais estão distantes dessas indicações, embora, em muitos casos, uma aproximação mental automática já tenha sido estabelecida há tanto tempo, que nos esquecemos do que essas percepções possam ser na realidade.

O homem, por exemplo, percebe uma célula - se é que a percebe - como um ponto sem dimensões. Como podemos compreender facilmente olhando para uma cidade do alto de uma montanha próxima, a natureza deve perceber um homem - se é que o percebe - da mesma forma. E, de modo semelhante, acontece com o Sol em relação à Terra.

Novamente, o homem percebe o tempo de vida de uma célula durante o qual um glóbulo vermelho, por exemplo, atravessou muitos quilômetros de artérias e veias e vasos capilares, percorrendo cada parte de seu corpo, como um sólido, o sólido dele mesmo. O sólido-homem está constituído do tempo de vida das células que o compõem. Os sólidos de homens, animais, peixes e árvores convertem-se por sua vez, para a Natureza, numa película ou plano curvo que cobre a superfície da Terra, enquanto que, para a Terra, tudo isso nada mais é que um rastro ou linha movendo-se no espaço.

Os tempos de vida de homens, animais, peixes e árvores são, por outro lado, sólidos para a Natureza, e sua repetição um sólido para a Terra. Ao recordar sua vida como um todo, o homem vê a si mesmo como a Natureza o vê. Lembrando-se de sua recorrência, vê a si mesmo como a Terra o vê. Assim, a memória para o homem é a chave para que ele perceba a si mesmo e seus arredores como eles são percebidos por um cosmos superior.

Na verdade, poderíamos prosseguir dizendo que, lembrando-se do cumprimento de todas as possibilidades, ele veria como o Sol vê, pois todas as possibilidades para o homem e para todas as criaturas vivas são sólidos para o Sol, existem no sólido real do Sol.

Desse modo, o tamanho de cada cosmos está conectado com o tamanho de cada um dos outros e seu tempo perfeitamente engrenado com os dos outros cosmos. Assim, a longitude de sua vida é inerente tanto ao seu próprio diâmetro quanto ao do universo. Nesse sentido, as múltiplas e incomensuráveis escalas e durações do universo podem reconciliar-se em um todo perfeito que evidentemente existe.

Há outro aspecto interessante desse período de dimensões para cada cosmos. Desprovidos de dimensão, como pontos, todos os cosmos parecem iguais e idênticos. Em seis dimensões, à semelhança do Todo, eles parecem outra vez idênticos e iguais. Vistos de maneira intermediária, de uma a cinco dimensões, eles parecem a princípio cada vez mais diferenciados para então se tornarem outra vez mais semelhantes.

Suponhamos, por exemplo, que um ser vivo visto como uma linha (isto é, em uma dimensão) seja dez vezes maior que outro. Visto como o plano construído sobre essa linha (isto é, em duas dimensões), ele terá cem vezes mais área; visto como o sólido construído sobre esse plano (ou seja, em três dimensões), terá mil vezes mais volume. Com a adição de cada dimensão, acima de três, ele parecerá mais diferente, mais separado e claramente mais distinto do outro imediatamente superior.

Tão logo se introduza a quarta dimensão de seu tempo de vida, as semelhanças reaparecerão. Todos os seres vivos são concebidos, nascidos, amadurecidos e mortos no tempo. Vistos em três dimensões, uma mosca e um elefante parecerão não ter definitivamente nada em comum. Vistos em quatro, isto é, no padrão de suas vidas e no trabalho de suas funções, surgirá novamente um modelo mútuo. Vistos em cinco dimensões, ou seja, como uma repetição de ciclos de vida ao redor de um centro vital, as mais diversas criaturas e seres, de homens a luas e de células sangüíneas a plantas, revelam entre si uma surpreendente semelhança.

É literalmente verdade afirmarmos que, quando percebemos as coisas em três dimensões, nós a vemos em seu máximo de diferenciação. Vivendo num mundo de objetos tridimensionais, estamos experimentando a criação em seu aspecto mais frio, isolado e exclusivo.

Esta é, com certeza, uma explicação da interessante solidão e sentimento de desolação humana relacionada à percepção tridimensional. Animais com percepção bidimensional sofrem muito menos sentido de separação entre eles mesmos e o mundo. E, assim que o homem começa a desenvolver percepções quadrimen-sionais, ele se torna novamente, porém conscientemente desta vez, atento a padrões comuns, às interdependências e unidade. É tanto sua tragédia quanto a sua grande oportunidade que a percepção com a qual ele é dotado pela natureza coloque o maior ênfase possível na individualidade isolada.

Ainda assim, em qualquer cosmos, todas as seis dimensões e formas de aparência - da linha ao Todo - estão, na verdade, indivisível e matematicamente conectadas. Se pudéssemos medir corretamente qualquer uma das dimensões de um cosmos e saber exatamente o que estávamos medindo, poderíamos calcular todas as outras dimensões, velocidades e tempos que cada cosmos pudesse conter.

Tomemos o Sistema Solar. Se soubermos a distância entre qualquer planeta e o Sol (linha), poderemos calcular por leis conhecidas:

(1) a velocidade do movimento daquele planeta em sua órbita (tempo);

(2) o período de sua revolução ao redor do Sol e o número relativo de tais revoluções durante a existência total deste (recorrência);

(3) a intensidade com a qual a luz solar brilha sobre ele e assim a quantidade de energia disponível para ele em relação à fonte de toda energia (absoluto).11

Em outras palavras, todas as suas dimensões são interdependen-tes e estão mutuamente implicadas. E deve ser assim para qualquer cosmos verdadeiro, já que a totalidade dessas dimensões, como já demonstramos antes, parecerá um sólido para algum ser mais superior ainda.

Voltemos a nosso problema original. Qual seria a relação entre diâmetro e duração? Qual seria a relação entre a linha e o tempo? Qual a relação entre um cosmos visto em sua primeira e em sua quarta dimensão? Nosso indício mais importante reside no fato de que todos os cálculos acima dependem do conhecimento da distância entre o planeta e o Sol, isto é, de sabermos o raio que o liga ao centro vital ao redor do qual gira. Esta é a chave geral para o tempo. O tempo é criado pela rotação ao redor do centro vital de um mundo maior.

Ao olhar para o mundo planetário, Kepler tanto reconheceu quanto expressou esse princípio em sua famosa Terceira Lei, na qual ele demonstrou que a relação entre a distância do Sol (linha) e períodos de rotação ao redor do Sol (tempo) têm a mesma relação que raízes quadradas e raízes cúbicas.11 Desde que todos os cosmos são feitos do mesmo plano geral e desde que a relação entre eles parece semelhante à relação entre dimensões dentro de um cosmos, seremos perdoados ao tentar usar tal fórmula para estabelecer essa relação geral que procuramos entre linha e tempo e entre espaço e duração.

Colocada de forma simples, a Terceira Lei de Kepler parece sugerir que, enquanto o espaço linear desenvolve-se por cubos, a duração desenvolve-se apenas por quadrados. No sentido de demonstrar isso sem cálculos complicados, faremos duas colunas paralelas, uma representando espaço e na qual cada estágio é uma multiplicação por 31.8 (aproximadamente 3), e a outra representando tempo, na qual o estágio equivalente é uma multiplicação por 10 (aproximadamente 2). A coluna da esquerda representará raio e a coluna da direita tempo de vida. Nossa base será o homem e, por conveniência, tomaremos seu tempo de vida como sendo de 80 anos e seu raio (do coração à ponta dos dedos) como sendo 1 metro.

Colocaremos nessa tabela exemplos gerais de classes de seres, onde quer que eles possam encaixar-se, seja por duração ou tamanho.

Espaço Linear - Raio Duração - Tempos de vida

1.000.000 de quilômetros Planetas 8.000.000.000 de anos

31.800.000 de quilômetros 800.000.000 de anos

1.000.000 de quilômetros Luas 80.000.000 de anos

31.800 quilômetros 8.000.000 de anos

Mundo completo da Natureza

1.000 quilômetros Continentes 800.000 anos

Asteróides

31,8 quilômetros Montanhas e lagos 80.000 anos

1 quilômetro 8.000 anos

Cidades

31,8 metros Árvores maiores 800 anos

Animais maiores

1 metro Homem 80 anos

3,18 centímetros 8 anos

Pequenos animais

1 milímetro Insetos e plantas 10 meses

Bactérias

0,03 milímetros Células grandes 1 mês

0,001 milímetros Células pequenas 3 dias


No conjunto, os resultados são promissores - curiosamente, nos mais baixos e nos trechos do meio da tabela, também. Células comuns, com um raio de um centésimo de milímetro, vivem poucos dias; insetos grandes, com poucos milímetros, vivem um ano ou quase isso; e animais medidos em decímetros vivem dezenas de anos. Elefantes, baleias e carvalhos com muitos metros vivem séculos! E assim por diante.

Por outro lado, não nos parece possível fazer cálculos dessa maneira sobre uma criatura individual ou mesmo espécies. Nossa fórmula, facilmente desfeita pela sorte e destino individual, aplica-se principalmente a classificações gerais e estatísticas médias, assim como o homem, que desfruta de uma duração média de vida de alguns punhados de anos, ainda que alguns morram aos 30, 60 ou 90 anos.

Enquanto isso, de nosso ponto de vista comum, parece haver algumas estranhas anomalias nos níveis mais altos, em que um raio equivalente ao da Terra parece corresponder mais à idade da Natureza e a suposta idade da Terra corresponder, em vez disso, com o raio de sua órbita. Essas anomalias serão tratadas na próxima parte, quando considerarmos o tempo de cada cosmos por vez.


II Dias e Vidas dos Mundos


Havíamos estabelecido que existe uma cadeia ou hierarquia de cosmos, cada qual feito à mesma imagem, cada qual formado pela infinita repetição de um cosmos menor ainda, cada qual uma partícula infinitesimal de um cosmos maior. O próprio homem - um simples homem - é um meio termo desses cosmos. Dentro dele, estão elétrons, moléculas e células. Acima dele, a Natureza, a Terra, o Sol e a Galáxia.

Estabelecemos que cada cosmos pode ser considerado como tendo seis dimensões, três de espaço e três de tempo. Essas dimensões estão exata e matematicamente relacionadas umas com as outras e exata, porém diferentemente, relacionadas às seis dimensões de todos os outros cosmos. Linha, superfície, espaço, tempo e eternidade são, dessa maneira, aparências que passam de uma para a outra de acordo com a escala de percepção do observador.

Nosso próximo problema é descobrir a relação-tempo, isto é, a velocidade relativa de vida dos diferentes cosmos nessa hierarquia. Isso está conectado com certas velocidades irreconhecíveis de percepção para o homem e, assim, com a questão da evolução possível ao homem, nosso principal assunto.

Um modo de descobrir essa relação-tempo entre os cosmos seria deduzi-la a partir de medidas físicas, usando a fórmula de cubos e quadrados discutida anteriormente. Mas, tão logo alcancemos magnitudes muito grandes ou muito pequenas, a medição física tende a soar falsa, vendo como vemos, num caso apenas partes e no outro apenas traços de um cosmos em questão.

Além disso, embora a fórmula espaço-tempo seja matematicamente interessante, na prática ela é extremamente difícil e inapropriada em sua aplicação. Se tal relação universal fixa entre tamanho e duração existe, ela também deve manifestar-se de alguma forma mais simples e não matemática para que, com nosso senso comum e observações, possamos verificá-la. A matemática é apenas um modo especial de formulações de leis com o apoio de certa capacidade especial da função intelectual. Todas as leis verdadeiras podem a seu próprio modo ser compreendidas por outras funções humanas.

Para essa compreensão mais simples, já encontramos a pista. O tempo, dissemos, é criado pela rotação ao redor do centro vital de um mundo superior. Se pudermos descobrir os centros vitais ao redor dos quais os diferentes cosmos giram e quanto tempo levam para fazê-lo, teremos de forma mais simples e direta os meios para comparar a duração de suas vidas sem o auxílio de fórmulas.

Tentando estimar seus tempos relativos e tempos de vida, teremos assim dois métodos que poderemos utilizar para que eles complementem-se um ao outro. Por vezes, um ou outro mostrar-se-á mais conveniente. Com esse duplo auxílio, examinemos então os cosmos que estão mais próximos a nós: uma célula dentro de um homem, um homem no mundo da Natureza e o mundo da Natureza dentro da esfera da Terra.

Tomemos primeiro o homem individualmente, nosso padrão mais conhecido e mais facilmente mensurável. Literalmente, cada homem gira ao redor do centro da Terra e tal revolução leva um dia para ele, um período natural de sono e de vigília, de descanso e de trabalho.

Voltando ao cosmos menor mais próximo, se perguntarmos ao redor do que, por exemplo, uma célula sangüínea gira, poderemos obviamente responder que é ao redor do coração. E, se analisarmos o que corresponde ao seu período de revolução, encontraremos uma analogia muito interessante. Uma célula sangüínea leva de 8 a 18 segundos para ‘completar seu dia de trabalho’, isto é, viajar do coração para uma parte distante do corpo, deixar sua carga de oxigênio e retornar com dióxido de carbono. Ela leva, então, seis segundos para ser restaurada, isto é, passar do coração para os pulmões e voltar outra vez. Isso corresponde exatamente ao período de trabalho e de sono para o homem. Se estabelecermos 12 segundos de trabalho e 6 segundos de descanso para a célula sangüínea, teremos um ‘dia’ de 18 segundos e assim uma ‘vida’ de seis dias.

Se aplicarmos o método completamente diferente de nossa fórmula cubo-quadrado e compararmos os 1/2500 cm de raio da célula sangüínea com 1,30 m de raio do coração do homem às suas extremidades, chegaremos a um fator de 325.000 vezes e, conseqüentemente, um fator-tempo de 4700. Esses quatro milésimos e setecentos centésimos do tempo de vida humana resultam em quase que exatamente seis dias. Nossos dois métodos verificaram-se razoavelmente um ao outro e podemos supor que tal figura esteja mais ou menos correta.

Não podemos estudar praticamente a questão do dia da molécula nem a velocidade com a qual ela gira sobre seu centro. Mas aqui o senso comum vem em nosso auxílio. Sabemos que, quando uma célula de sangue passa pelos pulmões e é oxigenada, isso implica na destruição e reconstituição de suas moléculas. Cada vez que uma célula sangüínea é oxigenada, suas moléculas ‘morrem’ e ‘renascem’. Assim, o ‘dia’ de dezoito segundos de uma célula sangüínea deve corresponder exatamente à ‘vida’ das moléculas que a constituem. Proporcionalmente, o dia da molécula durará não menos que 1/1500 segundos.

Passando ao próximo cosmos acima do homem, a Natureza ou toda vida orgânica na Terra, encontraremos uma situação peculiar no que diz respeito a seu centro. Na verdade, diferentes aspectos dessa vida orgânica giram ao redor de diferentes centros. Em sua totalidade, a Natureza nos parece uma película sensível quase sem espessura cobrindo toda a superfície da Terra. Mas ela compõe-se de ‘reinos’ claramente distintos, cada qual girando literalmente ao redor de um planeta que, em seu período sinódico, controla-o. Assim, podemos dizer que a Natureza como um todo completa uma revolução apenas quando retorna à mesma relação com todos os seus centros, isto é, com todos os planetas maiores. Veremos mais adiante que esse ciclo completo de influências planetárias durante o qual a Natureza ‘cumpre um dia de trabalho’, como dissemos da célula sangüínea, equivale a um período em torno de 77 anos. Isso, por sua vez, conecta-se à idéia de que a ‘vida’ do homem não é senão um ‘dia’ para a natureza. Contudo, sem uma evidência adicional, isso não passaria de um vôo arbitrário do capricho. Recorramos outra vez à nossa fórmula. Comparando o raio do homem, avaliado em 1m30cm com os 6.400 km de raio do mundo da Natureza (do centro da Terra aos limites da atmosfera), alcançaremos uma cifra de aproximadamente cinco milhões de vezes e, conseqüentemente, um fator de tempo de 29.000 vezes. O dia da Natureza seria, então, 29.000 vezes maior que o dia de um homem. Isso resulta num período de aproximadamente 75 ou 80 anos.

Quando atingíssemos o cosmos da Terra, seria muito tentador tomar um ano como seu período de revolução ao redor de seu centro. Mas esse período em relação à Terra é muito curto e, refletindo, lembraremos que a Terra também deve estar girando ao redor do ‘sol de nosso Sol’, o que discutimos no último capítulo, quer seja Sírius, Canopus ou qualquer outro. Há razão para acreditar que o lento movimento do eixo da Terra ao redor de um círculo de estrelas fixas, que produz o fenômeno da precessão dos equinócios, seja um reflexo desse movimento. Se a Terra mantivesse seu pólo magnético permanentemente inclinado em direção a algum grande centro ao redor do qual o Sistema Solar girasse em 25.765 anos, ela teria que permanecer exatamente dessa mesma forma.

Na verdade, nesse período, a Terra passa por um ciclo completo de relacionamentos entre o centro galáctico e o zodíaco, assim como em 77 anos a Natureza passa por um ciclo completo de relações com os planetas e o homem em um dia, um ciclo completo de relacionamentos com a Natureza. Além disso, a proporção entre esse longo ‘dia’ terrestre e o dia da Natureza de 75 ou 80 anos é muito aproximada ao que há entre um ano comum e um dia comum, dois ciclos pertencentes à Terra e à Natureza respectivamente. Assim, temos uma tríplice razão para crer que o tempo da Terra seja aproximadamente 360 vezes maior que o tempo da Natureza e a Terra tenha, conseqüentemente, um dia de 25.800 anos.

Na seqüência de ciclos diários, o movimento do Sol ao redor do centro da Via Láctea encaixa-se naturalmente. Tal movimento, de acordo com cálculos mais recentes, leva em torno de 200.000.000 de anos e esse período constituiria um dia para o Sol.

Não temos conhecimento sobre o centro ao redor do qual a Via Láctea como um todo gira, mas, como já mencionamos, seu raio é aproximadamente 40.000.000 de vezes o do Sistema Solar. Dessa cifra, nossa fórmula dá um fator-tempo de mais de 100.000 vezes. Sobre essa base diríamos que um dia para a Via Láctea seria não menos de 20 milhões de milhões de anos.

Dessa forma, trabalhando com dimensões e períodos de revolução, obtemos a seguinte seqüência de ‘dias’ para cosmos diferentes:


Molécula 1/1500 avos de segundos Natureza 77 anos

Célula sangüínea 18 segundos Terra 25.765 anos

Homem 1 dia Sol 200 milhões de anos


Via Láctea 20 milhões de milhões de anos


Se supusermos agora o que posteriormente será demonstrado mais concretamente, isto é, que não apenas para o homem, mas para todas as criaturas, a duração de uma vida é composta de aproximadamente 28.000 dias, então nossa tabela será desenvolvida assim:


Cosmos Relação de Tempo Dia Vida

com Cosmos Maior

Elétron X28.000 vezes ? ?

Molécula X28.000 vezes 1/1500 seg. 18 seg.

Célula sangüínea X4.700 vezes 18 seg 6 dias

Homem X28.000 vezes 1 dia 77 anos

Mundo da Natureza X360 vezes 77 anos 2 1/4 milhão de anos

Terra X7.800 vezes 25.800 anos 750 milhões de anos

Sol X100.000 vezes 200 milhões de anos 5.612 anos

Via Láctea 213 anos 5.617 anos12


Como comparar essas cifras de durações de vidas com estimativas alcançadas por outras formas? Trabalhando com culturas de organismos unicelulares por mais de vinte anos, Metalnikov descobriu que elas produziam 368 gerações por ano, quase uma por dia.13 As células dentro do corpo humano têm tempos de vida variáveis. A de vida maior, o óvulo ou célula sexual feminina, tem a existência de um mês; a masculina, provavelmente um dia ou dois. Mudamos de um sexto a um décimo de nossa pele a cada dia, regenerando-se uma quantidade correspondente. Assim, as células individuais devem nascer, viver suas vidas e morrer em quase uma semana. Nessa escala, a cifra de seis dias que obtivemos para a vida de uma célula sangüínea ocupa um lugar intermediário e provavelmente está correta.

Estimativas da presente idade do mundo da Natureza, tal como o conhecemos, isto é, desde o começo da Era Quaternária ou Era do Homem, dão para ele uma média de 2 milhões de anos. A duração do período anterior ao mundo da Natureza, o Pleistoceno da Era Terciária, uma criação muito diferente da nossa e separada desta por uma idade glacial equivalente à morte, está fixada em seis milhões de anos.14 Nossa estimativa mostra-se novamente razoável.

Passando ao tempo de vida da própria Terra, deduções baseadas no período de degeneração do urânio em chumbo fixam a idade das rochas mais antigas (Pré-Câmbrico Inferior) em 1,3 bilhões de anos. Outros argumentos, baseados na espessura de depósitos sedimentários e em informação astronômica, sugerem que a crosta terrestre foi formada entre duzentos a trezentos bilhões de anos atrás.15 Nesse caso, nossa cifra, por alguma razão, é menos da metade daquela obtida por outros meios.

Uma das poucas suposições plausíveis de uma possível duração do nosso Sol e que está baseada no tempo em que seu aparente suprimento de hidrogênio poderia continuar transformando-se em energia radiante pelo ciclo do carbono dá-nos uma expectativa de vida de 40 bilhões de anos, uma cifra de onze dígitos muito aproximada da nossa que contém doze.

Quanto à idade potencial da Via Láctea, poucas autoridades aventuram-se a se expressar a respeito e é difícil obter outras estimativas com as quais possamos checar nossa suposição. Portanto, neste caso, permitiremo-nos recorrer à analogia.

Voltemos à nossa concepção prévia dessa galáxia como uma seção transversal de algum corpo sólido vivo desconhecido. Suponhamos que a passagem de luz através do mesmo, como o meio mais veloz de comunicação entre um ponto e outro, corresponda à disseminação dos impulsos nervosos no homem. Sabemos que tais impulsos, que viajam a 120 metros por segundo, empregam aproximadamente 1/100 avos de segundo para atravessar o corpo humano. Se supusermos esse valor como análogo aos 60.000 anos necessários à luz para atravessar o corpo da galáxia, por uma simples proporção obteremos para o tempo de vida da Via Láctea uma cifra em anos que conterá dezessete dígitos. Esta, continuando nossa analogia, seria a escala de existência de nosso ser galáctico ou deus. E é isso que nossa tabela propõe.

Evidentemente nesta tabela, aproximativa como é e baseada em material insuficiente, existem graves incongruências. Em alguns casos, as cifras derivadas da nossa fórmula espaço-tempo não conferem com aquelas resultantes da comparação de períodos de revolução. Mas, de maneira geral, o conjunto parece correto e os resultados correspondentes, sincronizando-se uns com os outros de uma maneira que seria inconcebível se o método utilizado para obtê-los fosse puramente arbitrário. Essas incongruências são provavelmente devidas a nossa incapacidade de perceber em determinados casos o que de fato constitui o raio de um dado cosmos ou qual é o verdadeiro centro ao redor do qual ele gira. Mecanicamente, com meios mais precisos de medição científica ou conscientemente, com o alcance de um nível de percepção diferente, melhores resultados poderiam ser obtidos.

Entretanto, o que tudo isso significa? Para onde todas essas difíceis cifras nos conduzem? Levam-nos à inevitável conclusão de que, para cada ser cósmico, incluindo-se o homem, tempo e forma criam um modelo único. Nenhuma criatura pode ser compreendida separada de sua forma. Nenhuma criatura pode ser compreendida à parte de seu tempo. Sua forma multiplicada por seu tempo produz seu verdadeiro ser, sua própria e única marca pela qual ela se diferencia de todos os outros seres no universo.

Além disso, para cada indivíduo, essa forma e esse tempo que constituem seu modelo guardam certa relação íntima entre si. Uma implica na outra, assim como um lado de um cubo implica outro lado exatamente igual, como o leito de um rio implica um rio exatamente correspondente. O traço do tempo é deixado na forma, a raiz da forma revelada no tempo. Assim como todo o caráter, capacidade e destino de um homem estão escritos em sua face - se fosse possível lê-los -, também estão escritos em seu tempo. Seu tempo de vida é ele mesmo e isso o coloca numa relação definida e constante com cada um dos outros cosmos grandes e pequenos do universo.

Há, contudo, uma dedução ulterior de nossos cálculos. Se cada cosmos tem seu próprio tempo, o qual, junto com sua forma, constitui uma propriedade inalienável e única de seu ser, o que deduzir do fato de que cada cosmos inclui e/ou toma parte de cada um dos outros? Cada homem, por exemplo, contém dentro de si os cosmos do elétron, da molécula e da célula e ele mesmo faz parte, ainda que modestamente, dos cosmos da Natureza, da Terra, do Sistema Solar e da Via Láctea. De alguma forma, dentro dele ou penetrando-o, atuam os tempos de todos os outros cosmos do universo.

À parte de seu próprio tempo, que à primeira vista lhe parece o único e inevitável, ele participa ou pode participar do tempo de todos os cosmos e, assim, do ser de todos os cosmos. Este, que é um dos maiores mistérios de sua natureza, é o indício que leva a possibilidades desconhecidas e não realizadas, cujo significado devemos abordar inicialmente de uma forma inteiramente diferente.

III Momentos de Percepção


Pelo exemplo que demos da respiração humana, vimos como o tempo de uma respiração do homem está intimamente conectado com o dia de uma célula e a vida de uma molécula. De forma curiosa, esses períodos de diferentes cosmos dependem uns dos outros ou talvez fosse melhor dizer que essas vidas e dias de cosmos menores são apenas um resultado da respiração de um cosmos maior. No caso das células sangüíneas e das moléculas de gás que contêm essa descrição, isso é bastante exato.

Vida, dia e respiração, portanto, parecem definir divisões cósmicas de tempo individual que conectam inexoravelmente o destino e a experiência de cada ser às dos cosmos situados acima e abaixo. E de fato há uma estranha e constante relação entre essas divisões.

No que diz respeito à nossa própria experiência, sabemos muito bem que o tempo de uma vida está dividido em dias. Cada dia está separado de outro por um período de sono - um rompimento de consciência que tem o efeito de encerrar uma unidade de tempo para nós e prover-nos com um novo começo a cada manhã. Numa certa escala, um dia é algo completo em si mesmo, contendo um ciclo completo de digestão, uma alternância completa de sono, de despertar, e uma seqüência de experiências que podem ser revistas mentalmente e pensadas como um todo. Existem em torno de 28.000 dias na vida completa de 75 ou 80 anos de um homem.

Ao longo de cada dia de sua vida, o homem respira. Assim como um ciclo de digestão leva 24 horas, um ciclo de respiração ou digestão de ar requer algo em torno de três segundos. Este também é um período de tempo definido e completo para o homem. Se observar mais cuidadosamente, ele verá que a cada respiração um novo pensamento ou a repetição de um antigo é trazido à sua mente. Ele pode até mesmo perceber uma pulsação muito sutil de seu estado de alerta, quase análogo àquele maior, de sono e despertar. Durante o curso de um dia, ele respira em torno de 28.000 vezes.

Para um homem e provavelmente para todas as criaturas, há, portanto, 28.000 respirações em um dia e 28.000 dias em uma vida. Se voltarmos agora à nossa tabela de tempos, veremos que essa mesma cifra apresenta-se ali várias vezes. Não somente o tempo de uma célula sangüínea é 28.000 vezes o de suas moléculas constitutivas, como também o tempo do mundo da natureza é 28.000 vezes o do homem e, novamente, o tempo da Via Láctea é 28.000 vezes 28.000 o tempo da Terra. Disso se derivam muitas conexões interessantes. O dia de uma molécula deve ser equivalente à respiração de uma célula sangüínea. O dia de um homem deve ser equivalente a uma respiração da Natureza. A vida da Terra deve ser equivalente a uma respiração da Galáxia. De modo semelhante, isso ocorrerá com todas as outras divisões de tempo desses cosmos.

Mesmo onde essa cifra chave não ocorre, começamos a ver que o fator-tempo entre os cosmos pode representar a relação entre outras divisões temporais. Vimos como um ano para a Natureza é equivalente a um dia para a Terra. Similarmente, um ano para a Terra parece ser o equivalente a uma hora para o Sol. E, outra vez, um mês para a Terra é um segundo para o Sol, um dia para o Sol um segundo para a Via Láctea e assim por diante. Não apenas respiração, dia e vida, mas também ‘segundo’, ‘minuto’, ‘hora’, ‘semana’ e ‘mês’ parecem ser verdadeiras divisões cósmicas de tempo ligando as unidades de experiência de um plano com as de muitos outros.16

Falamos de um dia como o período de digestão de alimentos e de uma respiração como o período de digestão do ar. Ainda que não seja fácil verificar, parece haver uma divisão ainda menor do tempo humano conectada ao período de digestão do terceiro tipo de alimento humano, ou seja, as percepções. É o tempo empregado para receber e digerir uma simples impressão ou imagem fotográfica. Se o olho fosse uma câmara, esta seria sua maior velocidade de tomada.

De fato, existem dois estágios dessa medida mais curta. O primeiro e mais breve é o momento de percepção da pura luz. Um homem dá-se conta de uma fagulha ou flash que um medidor indica não ter durado mais que o milésimo de um segundo. Tal momento mínimo de percepção de luz pode muito bem ser os 1/28.000 avos de uma respiração, assim como uma respiração é 1/28.000 avos de um dia e um dia 1/28.000 avos da duração de uma vida.

Fosse assim, teríamos quatro divisões cósmicas maiores de tempo para todas as criaturas, seu momento de percepção ou período de digestão da luz; seu tempo de respiração ou período de digestão do ar; seu dia ou período de digestão dos alimentos; e seu tempo de vida ou o período de digestão de toda sua experiência. Além do mais, essas quatro divisões teriam um relacionamento cósmico constante, o qual é também o relacionamento padrão de tempo entre um cosmos e o seguinte, isto é, 28.000.

Todavia, para nosso presente propósito, é mais interessante e prático considerar o tempo muito mais prolongado que um homem requer, não para perceber a luz sem forma, mas para reconhecer uma forma específica ou objeto. Particularmente, e mais importante, o tempo necessário a ele para reconhecer a si mesmo, tempo no qual, diante de um espelho, pode tomar a si mesmo sentindo: “Aquele sou eu, eu sou aquele”. Mais adiante ainda, tentaremos estabelecer como o Sol pode ver a si mesmo e, para fazê-lo, precisaremos de tal relação.

Muitas pistas ajudam-nos a estabelecer esse mínimo momento de reconhecimento como distinto do momento mínimo de percepção mencionado acima. Sabemos pelo cinema, por exemplo, que imagens sucessivas que duram menos que um trigésimo de segundo ou mais dão a ilusão de movimento e não são por muito tempo reconhecíveis individualmente. Isso é confirmado por certa classe de experiência rara, em meio a algum acidente súbito ou numa emergência, quando eventos que acontecem rapidamente parecem durar um tempo muito longo. Mas tais experiências têm limites definidos. Elas podem permitir a alguém se assistir caindo das escadas, mas não capacitam ninguém a ver, por exemplo, uma bala aproximando-se. Em outras palavras, elas parecem alentar e expandir uma série de percepções que duram um trigésimo de segundo ou mais, mas não tornam possível outras mais rápidas.

Há uma pulsação elétrica do cérebro que pode ser medida pelo crânio, a qual está evidentemente conectada com a digestão de percepções, já que, ao cerrarem-se os olhos, sua intensidade diminui consideravelmente. Esse pulsar está a um ritmo de aproximadamente 10 por segundo e a parte ativa de seu ciclo constitui provavelmente o momento mínimo de reconhecimento humano. Na verdade, o hieróglifo egípcio para esse período de tempo, o anet, geralmente chamado ‘o piscar do olho’, combina precisamente os dois sinais para ‘olho’ e ‘onda’ ou ‘vibração’.

Isso pode ser verificado experimentalmente ao abrirmos a parte posterior de uma câmara e olharmos através da abertura várias velocidades de tomada. A um milésimo de segundo ou menos podemos saber que o obturador foi aberto; a um trigésimo de segundo, com grande atenção, um objeto real pode ser reconhecido.

Assim, o tempo no qual um homem vê a si mesmo pode ser tomado como um trigésimo de segundo. Deduzimos que o tempo comparável para o Sistema Solar será de oitenta anos ou toda a vida de um homem.

Tendo em mente que todos esses períodos de tempo devem ser tomados mais como ordens de tempo do que como medidas exatas, podemos agora ter alguma noção da possível duração da vida, do dia, da noite, da respiração e do reconhecimento para o Sol. Se nossa dedução estiver correta, podemos supor que todos os organismos vivos têm divisões similares em seu tempo. Isso significa que, entre seu nascimento e morte, uma célula respira tantas vezes quanto um homem durante sua vida. Um homem recebe em sua vida tantas percepções quanto o Sol. Uma vez livres de nossas crenças habituais em um só tempo, chegamos à estranha conclusão de que todas as vidas têm a mesma duração.


(10) A palavra ‘eternidade’, como usada neste livro, não se refere a uma extensão de tempo infinita, já que todo tempo é finito e limitado por ‘tempos de vida’. Significa, como os teólogos medievais sustentavam, uma dimensão ‘fora do tempo’ formada pela repetição do próprio tempo.

(11) As leis implicadas são:

1. As velocidades de órbita dos planetas estão em proporção inversa à raiz quadrada de sua distância do sol.

2. Os quadrados dos períodos no qual os planetas descrevem suas órbitas são proporcionais aos cubos da metade de suas distâncias do sol. (Terceira Lei de Kepler)

3. A intensidade de luz (brilhando sobre um planeta) está em proporção inversa ao quadrado de sua distância (do sol).

Combinando essas leis, podemos deduzir então:

4. As velocidades de órbita dos planetas estão em proporção ao quadrado do quadrado da intensidade de luz que incide sobre eles.

5. A recorrência dos planetas em suas órbitas está em proporção inversa à raiz cúbica do quadrado de suas distâncias do sol.

(12) Compare-se estes períodos com os da cronologia hindu, na qual 4.3 milhões de anos formam uma Mahayuga, ou Grande Era, depois da qual a Natureza é destruída; um milhar de Mahayugas, um dia de Brahma (4320 milhões de anos), após o qual céu e terra são destruídos; e o devido número de tais dias, uma vida de Brahma (160 milhões de milhões de anos), após o qual é destruído o Sistema Solar. A vida do Sistema Solar, novamente, nada mais é que o piscar de um olho de Shiva. Veja “The Vishnu Purana” traduzido para o inglês por H. H. Wilson (Livro I, Cap. III) ps. 46-54.

(13) S. Metalnikov: “La Lutte contre La Mort”, ps. 40-41.

(14) Richard M. Field em “Van Nostrand’s Scientific Encyclopaedia”.

(15) H. Spencer Jones: “General Astronomy”, pg. 29.


  1. Ver Apêndice II: “Tabela de Tempos e Cosmos”.