segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Capítulo XIII - Os Seis Processos no Homem II

I Corrupção


O processo de corrupção ou enfermidade inicia-se quando a forma, desligando-se de sua própria função, sobrepõe-se à vida e reduz o todo a inércia e matéria morta. A ordem dos agentes criadores neste quarto processo é forma, vida, matéria.

A origem mais clara da enfermidade no organismo humano reside na deficiência do processo de eliminação. Vimos que esse processo produziu certas matérias de exclusão ou matérias inertes, incapazes de refinamento e que eram então eliminadas apropriadamente de uma forma ou de outra. Mas tais matérias inertes também podem ser retidas no corpo, onde se degeneram em venenos. E, nesse caso, dão origem a um processo inteiramente novo e que, em relação aos interesses humanos, foi apontado como de rebelião ou crime.

O que corresponderia a crime no corpo humano? Certamente o mau funcionamento ou a rebelião de várias partes do organismo. E esses maus funcionamentos, por sua vez, iniciam-se pela retenção de matérias inertes no corpo.

Começando do nível mais básico, a eliminação das matérias de exclusão dos alimentos, em vez de ocorrer, pode ser adiada a tal ponto, que as fezes comecem a se decompor dentro do organismo. Isso é normalmente causado por um veneno ativo de uma função mais alta – exclusão celular que, permanecendo nos tecidos em vez de ser expelida, produz espasmos e tensões nos músculos peristálticos.

Aqui temos um exemplo muito bom do princípio de que ativo, passivo e mediador ou vida, matéria e forma são termos relativos. No processo de enfermidade o agente ativo é quase sempre o material de eliminação de uma função superior que, mesmo inerte em seu próprio nível, tem no entanto o poder de iniciar uma sucessão de males nas funções inferiores. É nesse sentido que o processo de corrupção, contrariamente ao de destruição, é contínuo, desenvolvendo-se de forma descendente e automática em cada etapa a partir da que lhe é superior.

O exemplo acima é simplesmente uma descrição técnica de um estado patológico de prisão de ventre. No grau seguinte, a urina normal, retida por uma matéria de exclusão superior, produz os cristais de ácido úrico do reumatismo e enfermidades semelhantes que – como vimos no final do último capítulo – formam um dos venenos da nota em nossa tabela de compostos orgânicos. Da mesma forma, o dióxido de carbono que não é exalado produz venenos que se fazem sentir por dores de cabeça, moleza no corpo, etc.

No nível do tecido celular, vimos como o trabalho adequado do processo de eliminação, estimulado pelo trabalho e pelo exercício, conduziam à eliminação de produtos de exclusão mediante a transpiração. É uma questão de experiência comum o fato de que o suor e o exercício relaxam tensões físicas e induzem à sensação de calma e tonicidade que associamos com a atividade correta das paratireóides e ao equilíbrio do controle de cálcio. A falta de transpiração e o conseqüente impedimento de eliminação de matérias de exclusão celular, por outro lado, causarão todas as espécies de tensões físicas que comprometerão o fluxo sangüíneo e o aquecimento apropriados. O veneno formado pelo processo de enfermidade nessa etapa é o ácido láctico depositado nos músculos em estado de tensão e letargia.

Passando à função seguinte, tomamos certa tipo de conversa e expressão externa como sendo legítimas excreções da atividade mental. Para permanecer saudável nesse nível, um homem deve falar e agir segundo pensa. Ele deve ser sincero. Patologicamente, no entanto, a matéria de exclusão do pensamento continua não-expelida, não-expressa, revolvendo em sua mente e dando origem a imaginações mórbidas, idéias fixas, pensamentos recorrentes e sonhos dos quais ele não pode escapar. Esses são literalmente venenos mentais, de um nível bastante definido de densidade e que, em tempo e quantidade suficientes, podem penetrar terrivelmente todo o bem-estar físico e moral de um homem.

Na função nervosa do sistema simpático, em que o processo de eliminação produz lágrimas, sorrisos, cantorias e outras expressões físico-emocionais externas, o processo de enfermidade corromperá esse material de eliminação em medos infundados, pesares, imaginações negativas e assim por diante. Esses maus funcionamentos, também tóxicos em seu próprio nível, são notáveis pelo matiz desagradável e suspeito que dão ao pensamento. Pois é exatamente desse modo que os venenos de uma função superior se introduzem como força ativa nas funções inferiores que, por sua vez, tornam-se afetadas.

Finalmente, no que se refere às funções sexuais e emocionais, em que a eliminação está representada pelas formas mais profundas e sutis da expressão humana, a retenção dessa matéria no corpo e sua corrupção patológica dará origem à imaginação sexual em sua forma mais intensa e a todos os níveis de emoções violentas, mórbidas, desesperadas e criminosas. O que, todavia, serviria como agente ativador dessa etapa, desde que parece tratar-se de uma função superior àquelas que são normais para o homem? Tentando responder a essa questão, vemo-nos face a face com o diabo.

De tudo o que descrevemos, os processos de destruição e crime ou eliminação e enfermidade começam por parecer em algum sentido alternativos, um deles natural e saudável e o outro anormal e degenerado.

Mas, considerando-se que a destruição, em casos normais, limita-se à eliminação adequada de matérias de exclusão proporcionalmente àquelas refinadas pela digestão, o processo de corrupção por sua vez não sofre tais limitações. Notamos como neste processo as matérias inertes num nível inferior servem de material passivo para a infecção daquelas acima. Como logo veremos por observação, as tensões físicas induzem a pensamentos mórbidos que conduzem a medos sem fundamento e apreensões que levam a emoções violentas e autodestrutivas. E analogamente o inverso. O processo de enfermidade tem a característica particular de ‘propagação’ ou infecção de toda matéria prima, tanto acima quanto abaixo, com a qual se coloca em contato, corrompendo-a imediatamente.

Na verdade, tem o poder de trabalhar retroativamente e consumir, quando não detido, quantidades incalculáveis de material bom, o que pode representar o resultado de um longo trabalho e acumulação. No reino molecular temos uma analogia quando coalhamos uma jarra inteira de leite com apenas uma colher de leite azedo ou na degeneração pela exposição negligente do vinho que, então, se transforma em vinagre. Enquanto isso, no mundo celular temos a proliferação quase incontrolável de células cancerosas às custas do tecido saudável.

Para compreender o processo corruptivo, temos que compreender a idéia de veneno num sentido muito mais amplo do que estamos acostumados. Existem venenos físicos, venenos intelectuais e venenos emocionais. Existem drogas venenosas, insetos venenosos e homens venenosos. Pode-se sofrer de um dedo inflamado, de uma mente envenenada ou de uma sociedade infectada. E, em cada caso, a natureza do veneno é que ele mina a unidade do organismo, remove a fração de fluxo vital do conjunto, reduzindo-a a uma úlcera desamparada por si mesma.

Há muitos debates hoje sobre bactérias como agentes de enfermidades. Mas, em qualquer lugar, existem quase todos os tipos de bactérias. O corpo saudável, com seu campo magnético próprio e forte, tem uma imunidade natural para microrganismos inimigos. Eles não podem dominá-lo, a menos que sua vitalidade e unidade já esteja minada por venenos internos. Uma vez iniciada a contaminação, as bactérias disseminam-se e dispõem do organismo doente, assim como os vermes disseminam-se e dispõem de um cadáver. São os demolidores de homens da natureza, cuja função é conseguir que estruturas perigosas estejam fora do caminho tão rápido quanto possível. Os corpos realmente saudáveis correm menos risco de serem atacados por elas do que de sofrerem um ataque por larvas.

No mundo dos homens, o processo de corrupção surge como crime e sua compreensão provê um teste pelo qual diferentes concepções sociais de crime podem ser objetivamente julgadas.

O crime real será aquele no qual o conhecimento, habilidade, compreensão ou premeditação (forma) são usados para destruir possibilidades superiores (vida), deixando a situação da vítima num nível inferior ao anterior (matéria). Por esse critério, a sociedade está certa ao considerar o assassinato – no qual o homem, assumindo a idéia de privar o próximo da vida, deixa somente a matéria inerte de seu cadáver – como o exemplo clássico de crime. O roubo intencional, no qual a vítima é despojada de seus bens, economias ou possibilidades também é crime. Mas também o é a mentira intencional que corrompe uma situação e outros até então permitidos, plenos de malícia, suspeita, desconfiança e inveja.

Algumas vezes, argumenta-se que o roubo depende da natureza de nossa sociedade e que, se houvesse ampla distribuição igualitária dos bens, não haveria roubo. A esse argumento, falta a principal característica do roubo, que é a tentativa de conseguir algo em troca de nada. Desde que é uma lei universal que nada pode ser obtido gratuitamente, de que tudo, mais cedo ou mais tarde, deverá ser pago de uma forma ou de outra, tal tentativa sempre será feita às custas de alguém. Nesse sentido, roubo de dinheiro ou bens, plágio de idéias e até mesmo o roubo de almas são todos da mesma natureza. Quer tome lugar numa ruela ou no paraíso, roubo não é algo inocente.

Por outro lado, vemos que o não poder obedecer por completo a alguma restrição arbitrária ou a impossibilidade de possuir um documento ou um pedaço de papel obrigatório, quando ninguém mais é afetado por isso, não pode de modo algum pertencer ao processo cósmico de crime.

Desse modo, muito do que a sociedade considera criminoso, não o é em realidade; quando muito é não-aconselhável ou meramente tolice. Por outro lado, muitas coisas que a própria sociedade apoia e justifica como ‘patriotismo’, ‘lealdade’, ‘liberdade’, ‘dever’, ‘responsabilidade’, etc. podem conter uma forte tendência criminosa. A qual outro processo, por exemplo, pode pertencer a propaganda que, utilizando-se engenhosamente da habilidade do artista, da experiência do psicólogo e da técnica do cientista, esforça-se por adormecer ou destruir o vívido discernimento natural e recolocá-lo numa atitude padronizada temporariamente válida do ponto de vista de uma política específica, um governo ou um anunciante? No mundo moderno, a destruição deliberada e freqüente do discernimento e da consciência individual constitui um crime numa escala tão vasta, que torna-se invisível e os homens não conseguem sequer imaginar-se vivendo sob outras condições.

Nesse sentido, a maior de todas as possibilidades – a do desenvolvimento da consciência – pode ser destruída para milhares ou milhões de pessoas. Tais pessoas, que já não possuem discernimento individual, consciência individual, remorso individual ou o poder de reagir como indivíduos vivos face às circunstâncias e demandas da vida, podem continuar até o fim de seus dias servindo como eficientes e obedientes cidadãos. Mas sua essência morreu. São os mortos-vivos, os zumbis de nossa civilização moderna. E, como outros cadáveres, são produto do processo de crime, tanto o próprio como o dos demais.

Ao mesmo tempo, parece haver algum requerimento cósmico no qual a criminalidade em larga escala declare abertamente suas intenções logo no início. Hitler publicou Mein Kampf anos ante de começar a tornar-se perigoso. “Você não pode esperar diplomacia mais sincera que a do ferro amadeirado ou da água seca”, disse Stalin no início. O rei das Montanhas Drove dá ao Peer de Ibsen a advertência: “E então, meu filho, devo fazer o que puder para curá-lo de seus traços humanos peculiares.”. “Eu não crio o mal”, começa Ouspensky no seu Well Meaning Devil, “apenas o recolho de uma forma amadorística”.60

Certamente, essas declarações podem ser colocadas de maneira tão atraente, que seu significado seja omitido e mais tarde elas podem estar cobertas por engenhosas mentiras para provar que o diabo as desviou de alguma forma. Mas, no fundo, é sono humano e apenas sono – o desejo de não ver as coisas como realmente são – o que faz os homens ignorarem as claras advertências de corrupção antes que ela comece a funcionar. Um homem que está plenamente desperto não será tão iludido e, consequentemente, tomará suas próprias precauções.

Assim, enquanto o processo de destruição resulta na separação do inerte e do vivo e na conseqüente preservação do último, o processo de corrupção, pelo contrário, resulta na redução do próprio vivo em inércia e morte.


II Cura


Se o processo de corrupção não tivesse pausa, pelo próprio contágio de sua natureza, o universo estaria condenado. Mas sabemos que o doente ocasionalmente se recupera, as epidemias diminuem, os desertos ressemeam-se e até mesmo as guerras chegam ao fim. Há um processo de cura no qual a matéria doente, redescobrindo a forma original da natureza, torna-se outra vez um veículo para a vida e tem a saúde restaurada. Sua ordem é: matéria, forma, vida.

Aqui está implicada a redescoberta de um princípio original e sua adaptação à circunstância nova ou não-usual. Certas matérias tóxicas, por exemplo, começam a acumular-se nas camadas musculares do corpo. Passado algum tempo, a condição torna-se demasiadamente aguda para ser aliviada por métodos normais de excreção. Os glóbulos brancos do sangue, todavia, estão perfeitamente dotados de poder e dever na eliminação das toxinas. Rodeando e isolando o veneno com pus, eles inventam uma forma de excreção. Desenvolve-se um abcesso, chega-se a um ponto crítico e acontece a supura. Os venenos são expelidos e, se a condição não for generalizada, o tecido é curado.

Existem no corpo agentes de cura de todas as espécies. Mas, em alguns casos, seu trabalho pode ser auxiliado pela prescrição de drogas e medicamentos de natureza semelhante, exatamente aquelas matérias de cura que, vimos no último capítulo, estão associadas à nota mi. São matérias que contêm altas concentrações dos princípios naturais necessários para corrigir anormalidades e restaurar uma forma saudável. No caso do abcesso, o médico aplica certos sais que contêm a tendência natural de extirpar ou sugar os venenos do corpo. Ele utiliza o mesmo princípio num nível molecular aplicando calor na forma de uma compressa quente. Em outras palavras, ele recorda e usa leis naturais para inventar um meio de trazer o organismo de volta a uma forma pela qual a vida e o sangue possam outra vez fluir livremente.

Nesse exemplo, já podemos verificar o processo de cura trabalhando em dois níveis. Primeiro há a cura fisiológica natural no próprio corpo. Em segundo lugar, esse processo é apoiado pela engenhosidade humana expressa na arte da medicina. Os dois processos são o mesmo, a escala e o meio de operação são diferentes. No primeiro caso, vemos o processo operando no mundo celular; no segundo, no mundo do homem. No primeiro, parece-nos propriamente cura e, no segundo, invenção, habilidade ou ciência aplicada, isto é, o uso intencional de leis naturais.

Cura fundamentalmente é aquilo que restaura a saúde às coisas afetadas pelo processo corruptivo ou criminal. Vimos como esse último processo coalha o leite, transforma vinho em vinagre e contamina o sangue com infecções. No caso de produtos livres assim corrompidos, o homem pode abandoná-los, como os alimentos apodrecidos, ou empregá-los para outras finalidades, porém inferiores. Quando, no entanto, a corrupção começa a degenerar as matérias de seu próprio corpo, ele não pode permanecer indiferente e deve procurar deter a degeneração e restaurá-la por inteiro novamente. O vinagre pode ser utilizado por sua própria acidez, mas o sangue contaminado deve ser curado, ou o próprio homem sucumbirá. Assim nasceu a medicina.

Na Idade Média, um sistema de medicina muito elaborado e interessante foi desenvolvido com base na classificação de órgãos e organismos de acordo com os quatro ‘humores’ – quente, frio, úmido e seco – e que, depois de diagnosticar o excesso de um ou deficiência de outro, procurava restaurar o equilíbrio administrando o ‘humor’ oposto por meio de tratamentos e medicamentos classificados de modo semelhante. O método de cura pelo equilíbrio dos quatro humores ainda é utilizado, por exemplo, ao aplicar-se compressas frias para febres altas ou na prescrição de um clima seco para condições úmidas, como as da tuberculose. E, se esse sistema como um todo está desacreditado hoje, não é porque ele fosse equivocado ou supersticioso em si mesmo, mas porque um princípio básico foi perdido desde então e um sistema de medicina completamente diferente foi construído em outras bases.

A antiga medicina estava quase que inteiramente baseada no tratamento do corpo como um todo ou no tratamento dos órgãos individualmente. Além de estudá-los do ponto de vista dos ‘humores’, esses órgãos eram classificados de acordo com sua afinidade com os planetas, e as ervas medicinais – classificadas da mesma forma – costumavam estimular a resposta a uma ou outra influência planetária. Novamente, o princípio utilizado na cura era o restabelecimento da harmonia no mundo dos órgãos.

Foi o estudo da estrutura celular das plantas e animais nos idos de 1830, a descoberta da dança das ‘moléculas ativas’ por Brown à mesma época e a subseqüente síntese de compostos orgânicos o que realmente contribuiu para a derrocada da medicina, que restaurou a harmonia não apenas no mundo dos órgãos, mas finalmente no mundo das células e mesmo das moléculas. Tal tratamento, aplicado diretamente aos cosmos inferiores e utilizando os tempos desses cosmos, poderia produzir logicamente resultados muito mais rápidos do que os do antigo tratamento dos órgãos. E sua velocidade e exatidão pareciam miraculosos em comparação, assim como a intervenção das leis de outro cosmos deve sempre parecer miraculosa do ponto de vista do nosso.

O estudo da vida das células trouxe à luz o papel das bactérias, cúmplices da corrupção no nível celular. E muito do enorme progresso da medicina sob Pasteur e Lister na Segunda metade do século XIX estava baseada na assepsia ou anti-sepsia, ou seja, eliminação ou destruição desses agentes de enfermidade no mundo celular.

Mais tarde, com o trabalho de Ehrlich, que combinou germicidas com corantes que, sabia-se, coloriam somente tecidos específicos, os químicos começaram a trabalhar num mundo ainda menor e mais rápido. Ehrlich criou aproximadamente mil combinações moleculares diferentes na tentativa de produzir mensageiros químicos que, introduzidos no corpo, realizariam uma tarefa específica no mundo molecular.

Essa técnica levou à descoberta de várias drogas ‘sulfa’, de surpreendente poder de penetração e velocidade de ação. Atuando assim de forma direta para restabelecer o equilíbrio no mundo das moléculas, os médicos modernos podem em alguns casos efetuar no transcurso de horas curas que a antiga medicina que atuava no mundo dos órgãos levaria semanas ou meses para realizar. Do ponto de vista da velocidade e exatidão, esse é um grande avanço.

No entanto, o que ainda não foi levado em consideração é o fato de que, por trabalhar diretamente no mundo das moléculas, a medicina moderna freqüentemente passa ao largo e subestima a inteligência dos órgãos. Fundamentalmente, a antiga medicina reconheceu que cada órgão tem sua própria inteligência, sendo capaz de – com ajuda – diagnosticar seu próprio mal e produzir seu próprio antídoto. Essas inteligências de diferentes órgãos estão na realidade ligadas a uma inteligência geral para a totalidade da função instintiva, a qual, quando nela confiamos e não a frustramos, pode salvar o organismo de quase todas as enfermidades que possam recair sobre ele.

A medicina moderna, trabalhando num nível molecular, em sua maior parte ignora por completo essa inteligência instintiva e, ao avançar por baixo, por assim dizer, freqüentemente debilita insidiosamente sua autoridade e poder. É como se um paciente, em vez de confiar-se à responsabilidade de um grande hospital, com seu diretor sagaz e seus muitos especialistas e departamentos subordinados, fosse diretamente ao laboratório e persuadisse o assistente para que lhe prescrevesse sua última invenção. Ainda que uma cura ocasional possa surpreendê-lo, tal prática logo faria o trabalho de cura do hospital como um todo ser completamente impossível. Da mesma forma, o excesso de confiança em drogas moleculares trabalhando com poder e velocidades surpreendentes pode solapar o poder de autocura e recuperação no futuro.

Ao mesmo tempo, é bastante claro que a medicina não pode abandonar suas próprias descobertas, não pode retirar-se do mundo das moléculas no qual sua cura agora penetrou. De fato, só há uma saída. Para que a cura seja completa, ou ainda, para que alcance o benefício real de todo o homem, mais que a morte de um germe em particular ou o estímulo de um hormônio, o próprio paciente deve travar conhecimento com a inteligência de sua própria função instintiva. Ele deve primeiro ouvir dentro de si mesmo essa voz e, quando a reconhecer e a distinguir, deve confiar em seus desejos e obedecer seus comandos. Se ele fizer isso, o processo de cura começará nele numa escala que, com o tempo, fará a intervenção da medicina externa de todo desnecessária.

Na verdade, existe a possibilidade de que ele possa adquirir o poder de atuar diretamente na inteligência instintiva com a mente, ou seja, estabelecer no órgão celular uma imagem eletrônica exata de saúde, à qual tal órgão deve inevitavelmente ajustar-se. Essa possibilidade está por trás das verdadeiras curas pela fé, dos métodos da Ciência Cristã e assim por diante. A questão é que ela requer muito controle mental, uma atitude completamente positiva e a habilidade de comunicação com os órgãos numa linguagem própria. Além do mais, ela é freqüentemente simulada por uma espécie de auto-hipnose, quando o processo de enfermidade continua como antes, mas o paciente persuade a si mesmo que não sente os sintomas. Isso é exatamente colocar a inteligência instintiva para dormir.

É certamente a inteligência instintiva o que oferece a união entre a cura fisiológica e a invenção intelectual, os dois principais aspectos do processo que estamos estudando. Pois acima do nível das células e órgãos, o que é inventado pela mente do homem e o que é inventado por suas outras funções e que trabalha com a inteligência instintiva torna-se progressivamente misturado. Podemos mesmo supor que todas as invenções da mente humana são resultado de alguma realização sutil dos princípios naturais, leis ou artifícios que estão operando o tempo todo na mecânica de seus movimentos esqueléticos, na química de sua digestão, nos fenômenos elétricos de seu sistema nervoso, etc.

Suponhamos, por exemplo, que uma mulher tenha que fazer um intrincado trabalho de tricô. Se ela for habilidosa, algo em seu centro motor descobre muito rapidamente um modo de manipular as agulhas e combiná-las com extraordinária engenhosidade e sutileza para produzir o resultado desejado. Mais tarde, um observador mordaz poderá inventar uma máquina que imite os movimentos que seu centro motor já havia elaborado. Ao multiplicar essa máquina ou manejá-la a grande velocidade, ele pode até mesmo produzir mais tricô por hora do que um par de mãos femininas produziria. Mas, em essência, o inventor apenas redescobriu um artifício que já existe na natureza. Nesse sentido, o guindaste é uma redescoberta do princípio do braço, a câmera é uma redescoberta do princípio do olho e uma central telefônica é uma redescoberta do princípio do córtex cerebral. Com a finalidade de alcançar um propósito desejado, a matéria é disposta numa forma especial na qual a apropriada lei natural (vida) pode operar por meio dela.

Contudo, não devemos permitir que as aberrações da engenhosidade humana nos impeçam de ver o fato de que o verdadeiro produto final desse processo é precisamente vida – vitalidade aumentada, poder, oportunidade, etc. Isso é ainda mais claro na cura fisiológica e mesmo psicológica, em que esse processo realmente significa a correção de uma anormalidade, isto é, opõe-se a uma tendência ou secreção que excedeu sua função ou estimula alguma que seja deficiente. Portanto, a meta do processo de cura é produzir um organismo normal ou harmonioso, pois somente em tal organismo a vida flui com maior abundância. Exatamente o mesmo processo e os mesmos agentes no corpo, reorganizando a matéria numa forma com o objetivo de preservar a vida em circunstâncias modificadas. Por isso, o organismo humano adapta-se milagrosamente ao calor ou ao frio extremo, a jejuns prolongados ou à falta de sono. Por isso, o cego começa a ‘ver’ com a pele de sua face e o surdo a ‘ouvir’ com a caixa craniana.

Este é o processo pelo qual os erros e desastres podem ser reparados, um órgão danificado pode retornar a seu estado saudável e o homem pode aproximar-se da normalidade pela compreensão correta da lei natural.


III Regeneração


Resta-nos um processo final ainda não considerado. Refere-se à ordem: forma, matéria, vida. Num nível cósmico, caracterizaríamos como forma organizando matéria em imitação ao princípio de vida; a criatura imitando o criador.

Chamamos tal processo de regeneração. A palavra implica uma reelaboração, uma recriação. Implica que algo que tenha sido criado naturalmente está para ser recriado uma segunda vez por vontade, intenção e propósito. Implica um segundo nascimento.

Entre os organismos simples, podemos ver exemplos freqüentes desse processo em ação. Uma larva que tenha sido cortada pela metade não se cura simplesmente, tal como um homem cuja perna tenha sido amputada pode curar-se se tiver sorte. A larva regenera a si mesma, isto é, desenvolve completamente uma nova metade, com todos os órgãos e funções que a metade perdida continha. Mesmo as menores espécies de microorganismos marinhos contêm esse poder de regeneração do todo orgânico. A própria forma, de algum modo misterioso, recria a si mesma.

Do mesmo modo, o lagarto pode regenerar sua cauda, a lagosta sua garra e o organismo humano sua pele e, numa certa extensão, seu fígado. Mas, para os órgãos humanos superiores, o processo não funciona dessa maneira. Nenhum homem pode desenvolver uma nova cabeça se ela for cortada, nem mesmo uma nova mão. Se quisermos encontrar o significado do processo de regeneração para o homem, devemos considerá-lo de forma diferente – do ponto de vista da regeneração interna e psicológica. O homem tem a possibilidade de recriar a si mesmo ou, mais corretamente, o que distingue o homem dos animais é sua possibilidade de tornar-se consciente de sua própria existência e de seu lugar no universo. Somente um ser que é consciente pode ser verdadeiramente chamado de homem. Assim, a regeneração para um ser humano é recriar-se como um homem consciente.

Como tal processo pode desenvolver-se? A ordem do processo de regeneração é que a forma organiza matéria em imitação à vida. O próprio homem é essa forma: nesse processo, tudo depende de sua iniciativa, de sua vontade, de sua persistência. Por essa razão, esse processo não acontece por si mesmo. É como se fosse uma excentricidade do ser, da qual somente alguns poucos homens são capazes, e apenas em conexão com uma certa meta muito definida e esforços adequados.

Qual é a matéria com a qual o homem trabalha para recriar a si mesmo? A fim de compreender isso mais claramente, teríamos que estudar melhor uma função por vez. Quando abordamos a atividade mental do homem, fomos capazes de distinguir claramente o registro, armazenagem e comparação ordenada de percepções da perda de tempo dos pensamentos associativos e imaginações sem direção. Chamamos essas últimas de excreções da mente. A mente de cada homem elimina uma corrente interminável de tais dejetos, que, de modo geral, passa completamente despercebida. Mas, pelo processo de regeneração, a forma ou função trabalha sobre seu próprio material de exclusão. Isso significa que a parte ‘fresca’ da mente, o poder de registro, observa seu próprio produto final, ou seja, a corrente errante de pensamento associativo que é sua excreção. A mente está como que dividida em dois, uma parte observando a outra.

Qualquer pessoa que tenha tentado esse experimento com perseverança é testemunha de sua extrema dificuldade e do grande esforço necessário para manter a atenção, ainda que por um minuto. Saberá também que isso é completamente impossível se a excreção mental, isto é, o fluxo de pensamentos associativos, foi intoxicada pelo processo de corrupção e tomou um matiz mórbido, amargo, violento ou ressentido. Nessa etapa, a matéria da mente vai temporariamente além de toda possibilidade de regeneração. Contudo, se o esforço for mantido com sucesso, uma energia surpreendente é gerada e o homem terá dado o primeiro passo em direção ao autoconhecimento.

Uma aplicação posterior desse processo para a função mental encontra-se na imaginação intencional. Isso é muito diferente da imaginação mecânica, que, como vimos, pode ser considerada uma excreção natural do cérebro. Nesse caso, a parte de registro da mente organiza o fluxo de imagens num canal determinado e controla sua natureza com uma finalidade particular em mira. Um homem imagina, por exemplo, como seria se seu corpo fosse tão grande quanto uma casa. Imagens são evocadas da memória de cenas e pessoas vistas do alto, de forças sobre-humanas trabalhando, arrancando árvores e nivelando terrenos, de gigantes por um lado e bonecos por outro. Tudo isso, combinado com sensações reais de seu próprio corpo e seus poderes, pode com atenção produzir uma vívida e extraordinária sensação do que seria ser tão grande quanto uma casa. Tal imaginação proposital ou ‘fé’ é um fator essencial na reconstrução de si mesmo.

Quando imagens e memórias de várias funções, fundidas por tal imaginação intencional, encontram expressão por intermédio de alguma habilidade mental ou manual, o resultado é arte. Tal arte, em seu mais elevado aspecto, é uma recriação ou reconstrução planejada da experiência do mundo pelo artista. Envolve a regeneração da experiência passada e participa da natureza desse processo geral.

Passando às funções de movimento e sensação, a mesma possibilidade expressa-se novamente numa divisão. A parte superior da função sensitiva registra, como se sabe, o ‘clima’ psico-emocional do organismo. Temos a sensação dos nossos movimentos, a sensação do que sentimos, a percepção física do corpo e de certa forma dos processos que nele ocorrem. É o ‘sentimento de si mesmo’, da própria existência física em certo meio e determinado tempo, que, se cultivada seriamente, produz notavelmente uma emoção muito forte e valiosa.

Mas novamente, exceto em momentos raros e acidentais, requer a maior atenção possível manter a separação entre a sensação que registra e os múltiplos sentimentos e impulsos registrados que tendem o tempo todo a confundir-se numa vaga e despercebida sensação de ‘eu’.

Desses dois exemplos, chegamos a uma compreensão da idéia de atenção em relação à possibilidade de diferentes processos dentro de cada função. Quando a atenção é deliberadamente sustentada em sua maior intensidade – como quando o poder de registro mental ou sensação física está sendo deliberadamente enfocado – podemos contar que o processo de regeneração está em ação. Quando a atenção é atraída, ou seja, quando os produtos de exclusão do pensamento ou das sensações estão sendo ‘vertidos’ no falar desnecessário, ação ou outras formas automáticas de expressão, podemos dizer que o processo de eliminação está em ação. E finalmente, quando não há atenção ou atenção dispersa, isto é, quando essas matérias de exclusão não são eliminadas, mas degeneram-se dentro do organismo em irritações, imaginações mórbidas e ódios ou temores passionais, podemos supor que o processo de corrupção está em questão. Assim, as três espécies de atenção, a mantida, a atraída e a dispersa, são, num aspecto, as chaves psicológicas para os processos de regeneração, eliminação e corrupção respectivamente.

Chegamos agora à última e mais difícil etapa desse processo, a que se refere à função sexual-emocional. Da analogia dos dois exemplos anteriores, vemos que esta deve implicar uma emoção superior ou ‘pura’, observando ou atuando sobre a exclusão emocional inferior. Essa última seria o fluxo usual de desejos emocionais, anseios, atrações e repulsões do caráter mais febril. Qual é a emoção ‘pura’ que poderia observar ou lutar contra essa torrente apesar de sua velocidade e força? Parece-nos que somente alguma finalidade emocional ultra potente, alguma aspiração constante e intensa em direção a Deus ou à consciência ou então alguma aversão permanente pelo nível ordinário do homem e temor intenso de suas conseqüências. É muito claro que tal meta deve ser permanente para que o processo de regeneração se desenvolva, já que, devido à grande velocidade das reações emocionais usuais, qualquer coisa que não esteja permanentemente presente carecerá de tempo para apreendê-las e lutar com elas. Será sempre tarde ou, a exemplo delas, demasiadamente transitória para produzir uma impressão suficientemente profunda e duradoura.

No entanto, se uma meta emocional permanente fosse criada, um intenso conflito entre o lado construtivo e destrutivo do homem seria possível. Essa divisão interna – que pode ser sentida como consciência – produz fricção. É precisamente por fricção interna que a consciência pode ser gerada, assim como a fricção física é aquilo pelo qual calor e luz podem ser gerados. Assim, o processo de regeneração sempre começa por uma divisão, uma separação.

Quanto mais um homem separa sua meta dos hábitos e falhas de seu corpo e personalidade, e quanto mais forçar esta última, ainda que de má vontade, para servir àquela meta, mais intensamente ele se tornará consciente de si mesmo. Gradualmente, suas fraquezas mais ocultas, auto-indulgências, desculpas e, por outro lado, anseios, capacidades e aspirações serão trazidos à luz da consciência moral, assim como, na regeneração dos corpos celestes, cada vez mais do seu duro interior oculto deve ser convertido numa envoltura atmosférica capaz de ser irradiada e vitalizada pelo Sol.

Na verdade, o processo de regeneração implica exatamente na transmutação da metade da opacidade à irradiação. Essa transformação envolve duas etapas. Fisicamente, um corpo opaco deve primeiramente tornar-se translúcido, ou seja, deve adquirir a capacidade de ser penetrado pela luz de outro corpo. Somente após um longo período nesse estado pode surgir a possibilidade de irradiação ou de brilhar com sua própria luz. Da mesma forma, um homem que deseja desenvolver-se deve primeiro fazer-se translúcido, ou seja, deve expor sem reserva todos os lados de si à penetração da consciência de outro homem, de seu mestre. Ele deve perder sua solidez, tornar-se invisível e irreconhecível, ser visto apenas pela luz de outro. Essa própria exposição e penetração pode então se converter no meio que lhe possibilite conhecer a si mesmo e, ao final, adquirir por si mesmo consciência permanente.

Essas três etapas – opacidade, translucidez e irradiação – correspondem aos três estados da matéria: o mineral ou celular, o molecular e o eletrônico, dos quais já falamos antes. No mundo planetário, a segunda etapa está conectada ao desenvolvimento da atmosfera e a terceira à geração de luz. No homem, a segunda etapa está conectada ao desenvolvimento de um novo corpo molecular capaz de assimilar a consciência de outro, e a terceira etapa está associada à criação posterior de um corpo eletrônico capaz de gerar sua própria consciência e abarcar outros dentro dela. Em outra ocasião, falaremos desses novos corpos potenciais, como a alma e o espírito.

Muito pode ser compreendido do nosso atual estado de consciência e dos próximos em potencial ao considerarmos a questão da invisibilidade. O desenvolvimento desses novos corpos envolve a criação de veículos com os quais penetramos nos mundos invisíveis.

Como vimos no Capítulo IV, existem diferentes tipos de invisibilidade para nós. As coisas podem ser invisíveis por estarem muito longe, como algumas estrelas distantes, ou porque estão muito próximas, como as glândulas dentro de nosso cérebro; podem ser invisíveis por serem muito grandes, como a Terra, ou muito pequenas, como uma célula; podem ser invisíveis por serem demasiadamente rarefeitas, como o ar ou o pensamento, ou densas, como o interior de uma montanha; podem ser invisíveis porque são muito rápidas, como a bala de um disparo, ou muito lentas, como a forma de uma civilização.

Todas essas diferentes classes de invisibilidade originam-se porque, no estado habitual, nossa consciência só funciona livremente em relação aos mundos mineral e celular. Confinada num corpo celular, é ciente apenas dos objetos celulares.

Se essa consciência pudesse elevar-se a um grau de penetração em que pudesse funcionar com igual liberdade em relação ao mundo molecular, muitas dessas classes de invisibilidade não existiriam para ela. Uma consciência que tivesse os mesmos poderes em relação ao mundo molecular como a nossa tem em relação ao celular poderia realmente ‘perceber’ matéria molecular como o ar ou a emoção; poderia realmente penetrar o interior de objetos densos como as montanhas e desfrutaria de tal velocidade de movimento, que toda a escala de ‘próximo’ e ‘distante’ seria completamente transformada.

Sobretudo, uma consciência em liberdade no mundo molecular, isto é, no estado seguinte ao nosso, não somente reconheceria os objetos, mas também a relação entre os objetos. Na maioria dos casos, o campo de força que representa a relação entre os objetos é composto de matéria em estado molecular. Reconheceria então a relação entre um gato e uma cadeira, um homem e uma mulher, a pessoa e seu ambiente. Em comparação com esse reconhecimento de relações vívidas e sempre cambiantes, a percepção de objetos separados pareceria referir-se a um mundo inacreditavelmente morto e insípido.

Para todos os propósitos práticos, o primeiro passo em direção a essa penetração de consciência no mundo molecular ou no mundo de relações reside na prática da divisão da atenção. O homem que começa a aprender como dividir sua atenção deliberadamente entre seu próprio corpo e o objeto ou pessoa com quem está tratando, ou seja, que está simultaneamente ciente de si e daquilo que o cerca, começa de fato a viver num mundo de relações, no mundo molecular. Ele começou a ser autoconsciente, começou a criar uma alma.

Certamente, seus primeiros esforços para alcançar isso mostrarão a ele muito claramente a dificuldade extrema de manter esse estado e provarão indubitavelmente que o domínio deste não é natural para o homem, mas deve ser laboriosamente adquirido. Ao mesmo tempo, esses mesmos esforços abrirão diante dele um mundo inteiramente novo, o mundo das relações, demonstrando que esse mundo pode ser efetivamente alcançado por sua própria consciência, por meio da divisão da atenção. Além do mais, com esse progresso de sua consciência em direção à próxima etapa, a esfera do invisível diminuirá para ele.

Sobre a criação de outro corpo ainda, além da alma, ou seja, o espírito, não poderíamos falar aqui. Está muito longe de nós. Mas começamos agora a compreender o sentido literal da palavra ‘regeneração’. Por esse processo, as criaturas de corpo celular literalmente renascem, primeiramente em corpos moleculares, depois em corpos eletrônicos. Cada renascimento significa a entrada num mundo novo, novas percepções, uma relação completamente nova com o universo. De fato, todas as novas possibilidades que até agora consideramos – consciência, conscientização, fusão dos sistemas nervosos, penetração dentro de outros tempos, percepção de outros mundos, imortalidade – todas se referem a nada mais que diferentes etapas de tal regeneração.


60. “The Well-Meaning Devil”, conto de P. D. Ouspensky.